LENDO A PALAVRA COM O CORAÇÃO
A palavra “coração” aparece muitas vezes na
Escritura. O coração é o símbolo do homem interior. É aquele recôndito que só é
conhecido totalmente pelo Senhor Deus. James Houston, enfatiza que a
palavra abarca o todo da existência humana. “Representa o âmago do ser como um
todo – sentimentos e emoções, assim como mente e espírito. É a fonte de todas
as nossas paixões e desejos”. Todavia, o coração: “É também a fonte de engano”.
A Bíblia afirma que: “Enganoso é o
coração, mas do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o
conhecerá?” (Jr 17.9). Algumas vezes, portanto, o aparecimento da palavra
coração tem caráter positivo, porém, outras vezes o seu uso é de cunho
negativo. Penso que é por isso que o Senhor tem interesse especial pelo
coração. Ele pede: “Dá-me, filho meu, o
teu coração, [...]” (Pv 23.26).
Ler a Escritura Sagrada com o coração é um movimento da meditação. O movimento de ler a Bíblia com o coração,
que por sua vez envolve a meditação na Palavra de Deus, é um elemento
demarcador de alguém que tem crescido espiritualmente. No Livro dos Salmos, o salmista
introduz o saltério com um salmo cuja tônica é o contraste do justo com o
ímpio. Entre as muitas diferenças existentes entre aquele que serve e o que não
serve a Deus, damos destaque para a meditação. Quanto ao justo diz o salmista:
“Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de
noite” (Sl 1.2). O coração que realiza o movimento de meditação na Palavra
de Deus experimenta alguns ganhos maravilhosos. São eles:
Primeiro, ele passa a conhecer tanto ao
seu Senhor quanto a vontade de seu Senhor. O que nos remete aquilo que Josué
recebeu como instrução: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes,
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto
nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido”
(Js 1.8). Era necessário falar, mas também era necessário meditar. O coração de
quem fala também deve meditar constantemente na lei.
Segundo, ele experimenta a transformação
santificadora. O meditar vai além de conhecimento intelectual da Palavra
de Deus. É um movimento que produz mudança transformadora. É um meditar que
leva a conhecer, mas também efetua renovação da mente e transformação do
coração. Assim a boa, agradável e perfeita vontade de Deus é experimentada (Rm
12.2). Portanto, é mais do que saber que Deus tem uma vontade, é experimentar a
vontade do Senhor e viver conforme a sua lei.
Concluo com a maravilhosa fala de James Houston que diz: “Meditar na Bíblia é
uma forma personalizada de pensar, ler e aprender de Deus. É um modo caseiro de
fazer teologia própria. A meditação forma hábitos. Cultiva em nós atitudes de
obediência, humildade diante de Deus, sensibilidade à consciência, discernimento
espiritual e sabedoria moral. [...]. É a maneira de viver ‘à sombra do
Altíssimo’. Meditar pode levar-nos à presença imediata de Deus”.
Portanto, quando for ler a Bíblia
não leia por curiosidade. Da próxima vez que for lê-la, leia com o coração.
Medite naquilo que os seus olhos estão captando, naquilo que está informando o
seu intelecto, mas não deixe de ler com o coração. Leia para ouvir a voz de
Deus. Leia com a mente, mas também com o coração, pois o meditar
é o desejo do coração que está em movimento, cujo propósito é conhecer ainda
mais o Senhor e mais a sua vontade.
Por: Rev.
Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da
IPGII – DF.
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