RELACIONAMENTO SUBMETIDO À PROVA


       O relacionamento familiar tem sido cada vez mais raso. Há pouca ou quase nenhuma raiz profunda de compromisso e afetos entranhados no seio da família. Ultimamente grande parte dos relacionamentos é fruto de uma geração relacional virtual, escassa de presença física e comprovadamente superficial. O momento da pandemia do coronavírus tem mostrado o quão trágico tem sido o período da reclusão de quarentena. O BBC News, disse: “[..] a quarentena forçada deixou algumas consequências inesperadas. Muitos casais parecem não ter resistido à proximidade em tempo integral. A mídia chinesa identificou uma corrida aos cartórios por aqueles que não pretendem seguir juntos”.
            Aqui no Brasil o fenômeno da quarentena também já mostra os seus efeitos, só que de outra natureza, a mazela bastante conhecida: a violência doméstica. O índice aumentou grandemente. Conforme o OUL, o Rio de Janeiro registrou aumento de 50% da violência doméstica nos últimos dias. O G1 noticiou que, o juizado da mulher de Fortaleza - CE, em quatro dias de quarentena, recebeu 65 pedidos de medidas protetivas de urgência. Tais crises revelam a fragilidade do laço relacional conjugal contemporâneo. Fica evidente, portanto, o quão frágil estão os relacionamentos familiares. Os casais não estão acostumados a viverem a vida comum do lar juntos, quando é preciso passar mais tempo ao lado do cônjuge, entram em crise.
O relacionamento que exige olho no olho, que demanda otéte-à-téte”, a conversa que exige o ouvir atencioso, que reivindica presença física e amável, infelizmente está em colapso. O relacionamento que demanda tais requisitos, para muitos tem se tornado algo insuportável. Por isso mesmo, alto índice de divórcio na China. Assim como o alto índice de violência doméstica aqui no Brasil durante a reclusão da quarentena. Os casais não se conhecem como deveriam se conhecer. Não possuem intimidade relacional. Não conseguem tabular uma conversa que consiga durar cerca de uma hora. Logo, o passar do tempo como o que estamos tendo que enfrentar testa o quão suportável é o nosso relacionamento. A quarentena tem trazido à tona a superficialidade relacional. O teste está aí para provar para cada casal a profundidade de seu laço conjugal.      
A coisa não é brincadeira, pelo contrário, ela é muito séria. A crise reforça a nossa percepção de que a raiz do problema é mais profunda, pode ser algo que esteja alojado no âmago do coração. A crise desencadeada pelo coronavírus tem revelado o sintoma e a fragilidade da relação conjugal e familiar. Saiba, porém, que tal situação pode nos ajudar em muitos aspectos.  Pode estar certo de uma coisa, muitos relacionamentos conjugais serão colocados à prova, não tenho dúvida. Lamentavelmente muitos sofrerão o duro golpe, alguns ficarão adoecidos e serão desfeitos, como tem acontecido na China, porém, gloriosamente vários serão fortalecidos e renovados. Está na hora de rememorar alguns princípios da relação conjugal: Primeiro, a unidade. Lembre-se você é uma só carne com o seu cônjuge. Segundo, a permanência. O casamento é para a vida toda, só a morte deveria romper o laço matrimonial. Terceiro, a intimidade. O vínculo que mais aprofunda e fortalece a relação chama-se casamento ou união conjugal.
           O seu relacionamento tem sido submetido à prova de fogo? Ele vai subsistir à crise que tem demandado de você ficar mais tempo junto com o seu cônjuge? O seu casamento sobreviverá à quarentena? Alguém já disse que: “Casar é fácil. Permanecer casado é mais difícil, ter um casamento feliz e que dure a vida inteira é uma raridade”. Pode até ser difícil, o que de fato tem sido provado, até pode ser uma raridade, entretanto, não é impossível.  Vai ser determinante, porém, para todos os casais que vivem o tempo de reclusão prolongada, o que o Senhor Jesus disse: “Portanto, o que Deus juntou não o separe o homem” (Mt 19. 6). Ser recordado do compromisso que fez perante o Senhor vai recobrar o seu ânimo.  Os votos matrimoniais contemplam dentre outras coisas: o amar “na saúde e na doença”, “na riqueza e na pobreza”, “até que a morte nos separe”. Recordar o compromisso que fora feito vai conceder fôlego a você casal cujo relacionamento pode estar sendo submetido ao teste de ficar juntos por tempo prolongado. Oro ao Senhor Deus para preservar, fortalecer e revitalizar o meu, o seu e nosso relacionamento. Em o nome do Senhor Jesus.  
                                    Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano
                                 Pastor da Igreja Presbiteriana do Guará – II, DF.

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