A PEDAGOGIA DA CRISE
Os chineses têm uma compreensão
sobre a crise um pouco diferente da nossa. “A palavra crise em chinês possui
dois caracteres: um representa perigo e o outro oportunidade”.
Portanto, inegavelmente, o risco existe num tempo de crise, mas também
apresenta sublimes oportunidades. Lidar com crise não é uma tarefa fácil, mas é
necessária. Com ela aprendemos duas coisas: sobre nossa vulnerabilidade e
limitação, mas também sobre as mudanças que são importantes para a nossa vida,
as quais são efetivadas por meio da presença da crise.
As
crises sempre fizeram parte da história da humanidade. Algumas podem ser
evitadas, outras apenas adiadas, mas existem aquelas que são inevitáveis e
chegam de forma inesperada, produzindo assim medo no coração do indivíduo e
gerando instabilidade no seio da sociedade. As naturezas das crises são
diversas. Podem ser de cunho existencial, interna e externa, pessoal, familiar,
social, estrutural, econômica, política, moral e espiritual. Além disso, elas
são oportunas para o florescimento de boas ideias. Também é verdade que durante
o seu “nascimento” e a sua permanência acabam servindo de terreno fertilíssimo
para o surgimento de oportunistas, que sem nenhum pudor exploram os fracos. Os
charlatões também aparecem durante a crise para semear o joio no meio do trigo.
Na verdade, durante um período de crise muitos sucumbem, mas outros são
erguidos. Muitos são enfraquecidos, mas alguns ficam ainda mais fortes.
Ainda
sob outro ponto de vista, durante as crises surgem homens que se despontam com
soluções cabíveis, urgentes, necessárias, precisas e relevantes. Mas também
líderes populistas e autoritários. Falam mentiras que se parecem verdades. Eles
ludibriam a mente do incauto. É preciso, portanto, cautela e prudência. As
crises sempre serviram de oportunidade para uma boa avaliação. Quando chegam, é
tempo de fazer uma checklist. Elas
oferecem mecanismos de onde extraímos lições preciosas para a nossa vida e
servem até para a mudança de rota. Há histórias de pessoas que, diante do
aparecimento de uma crise, adotaram um novo estilo de vida, com novos valores
agregados, o singelo assumiu uma perspectiva de encanto, o tempo passando a ser
valorizado, e a família recebendo uma atenção especial e singular.
Porém,
talvez o mais importante é que quase sempre, Deus usa a crise para depurar o
seu povo da escória do pecado, assim como para mostrá‐lo o caminho da oração e
devoção. Não é incomum a igreja se voltar para o seu Senhor e Redentor durante
e após uma crise avassaladora. O caminho da oração é redescoberto e a devoção
ao Senhor Deus também se torna presente. Deus tem chamado o seu povo. Entendo
que o Senhor tem nos desafiado como igreja: “Invoca‐me no dia da angustia; eu
te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50. 15). Noutro lugar ordena: “Invoca‐me,
e te responderei; anunciar‐te‐ei coisas grandes e ocultas, que não sabes”
(Jr 33. 3). Procedendo de acordo com o imperativo do Senhor, talvez possamos
fazer coro com o nosso irmão: “Em meio à tribulação, invoquei o SENHOR, e o
SENHOR me ouviu e me deu folga” (Sl 118. 5). Busquemos ao Senhor
fervorosamente nesse período de crise. Ele ouve e responde a oração de sua
igreja.
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