Jesus, a consolação aguardada
No que se refere a consolação aguardada, a Bíblia ensina que: “Havia em Jerusalém um homem chamado Simão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel” (Lc 2. 25). Faz parte do conhecimento geral que, a consolação faz parte da aspiração daquele que passa por aflição. Mais do que desejo, diríamos que o consolo é uma necessidade de quem sofre. Digo que é uma necessidade porque todo aquele que é afligido precisa de consolação. Sendo assim, a consolação se faz necessária porque existe a angústia. Já esteve angustiado? Então precisou de consolo. Já passou por aflição? Se sim, significa que precisou de conforto. Nossa reflexão versa sobre consolação, não uma consolação espúria, mas uma consolação eficaz e duradoura. Diante disso, saiba que a consolação aguardada foi prometida.
Mas, para entendermos a promessa da consolação, precisamos entender o que aconteceu na história da humanidade. O primeiro casal criado por Deus foi colocado no jardim do Éden. Lá recebeu uma ordem que exigia obediência irrestrita. Deus foi claro ao dizer: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2. 16, 17). Todavia, após ser tentado pelo diabo, o casal cedeu a tentação e desobedeceu ao seu Criador e Senhor (Gn 3. 1-6). Assim que o pecado entrou no mundo tudo ficou desajustado. Com isso, as consequências foram catastróficas. Por conta da desobediência, como consequência espiritual e existencial, vieram o fardo pesado da culpa, o medo e a fuga (Gn 3. 7, 8). A relação com o Criador foi rompida, o relacionamento interpessoal afetado, o trato que deveria ser dado a criação, a qual deveria ser cuidada, também sofreu com a entrada do pecado no mundo. Foi tão danoso o que aconteceu, “[…] que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rm 8. 22). O pior drama da humanidade tem como ponto inicial a queda. Dali derivam todas as mazelas. A harmonia foi atacada e danificada por causa da desobediência. A ruptura com o Criador foi uma tragédia universal.
Por causa da queda, verdadeiramente, todas as coisas saíram do eixo. A queda trouxe consequências terríveis para a raça humana. Não precisa ser um cientista para notar os seus efeitos. Porém, nem sempre foi assim. As coisas não eram assim como são agora. Não tivesse acontecido a queda, não precisaríamos de consolação. Agora, porém, a existência humana é marcada por medos, incertezas, angustias e aflições. Por causa da queda, surgem as rivalidades, as tragédias relacionais, as catástrofes naturais, as incontáveis enfermidades, e, por fim, a morte, que é o terror de todo ser humano. Diante disso, a consolação passa a ser uma necessidade e uma aspiração do ser humano.
Todavia, para alegria do homem, a coisa não haveria de ficar perdida, o irreversível para o homem seria revertido pelo Senhor Deus. Quando tudo parecia perdido Deus interveio na história. Ele buscou o casal amedrontado. Providenciou o que o casal não podia prover pelo seu esforço, nem por sua justiça, nem por seu mérito. Deus fez tudo. Além disso, Ele fez a promessa de que enviaria a consolação. Logo após a entrada do pecado no mundo Deus prometeu que nasceria o descendente da mulher, o qual teria o calcanhar ferido pela serpente, mas que também feriria a cabeça da serpente (Gn 3. 15). O que Deus prometeu fez com que o casal, assim como a sua descendência, andassem e vivessem aguardando o cumprimento do que ouviram. Portanto, após a tragédia Deus fez a maravilhosa promessa. A consolação prometida veio como uma semente de esperança, veio como a boa notícia aguardada pelos aflitos.
Desde de então, a descendência de Sete seguiu seu caminho com a esperança de que nalgum momento da história a promessa da consolação se concretizaria (Gn 4. 25, 26). Tanto é assim, que o nascimento de Noé veio acompanhado de expectativa. Assim que nasceu, Lameque disse: “Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou” (Gn 5. 29). Mas o pai de Noé estava errado. Noé não era a encarnação da consolação prometida. No entanto, a expectativa de Lameque reforça o fato de que nasceria da mulher um menino, aquele por meio de quem Deus reverteria a situação e traria consolo para os corações aflitos.
Os séculos passaram, milênios e gerações também, mas a promessa da consolação aguardada jamais foi esquecida. Na história ela foi ratificada pelos profetas. Isaías profetizou a seu respeito, dizendo: “[…] o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7. 14). Noutro lugar, diz: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9. 6).
A concretização da promessa, todavia, aconteceu no tempo determinado pela agenda soberana de Deus: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4. 4). Portanto, Jesus não é apenas a consolação prometida, Ele é a consolação concretizada. Jesus não é apenas a consolação profetizada, Ele é a consolação encarnada. O que Lameque não experimentou, Simeão, o justo, o piedoso e o esperançoso viu e experimentou (Lc 2. 25-32). Saiba que Jesus, como a consolação prometida, já veio. Por isso, Ele foi tocado, mas também tocou os aflitos, porque se fez gente como a gente. Jesus, como a consolação desejada, também é a consolação a ser experimentada. Agora podemos receber o seu consolo. Ele é a consolação da qual precisamos.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.
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