Natal: a graça veio

         A vinda de Cristo ao mundo foi prometida por Deus Pai. Ele é o descendente da mulher (Gn 3. 15). Ele é o evangelho preanunciado ao patriarca Abraão (Gn 12. 3; Gl 3. 8). Cristo não é um descendente de Abraão, mas o descendente (Gl 3. 16). Sua vinda é o cumprimento da promessa. Por isso, diz o texto santo: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4. 4). O Natal, portanto, diz respeito à vinda do Filho de Deus ao mundo. Natal é a manifestação da graça de Deus. Duas coisas merecem destaque aqui:

Primeiro, natal é a inundação da graça no mundo. Diz a Escritura: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça […]” (Jo 1. 14). O que lemos aqui é simplesmente extraordinário porque João começa o quarto evangelho falando da divindade do verbo, sua eternidade, seu poder e pessoalidade (Jo 1. 1-3), e, logo a seguir, fala da sua encarnação. Portanto, aquele que, por seu intermédio todas as coisas foram criadas, se fez carne. Aquele que sustenta toda criação pelo poder de sua palavra tornou-se homem. 

O Filho de Deus se encarnou. Com isso, o mundo foi inundado pela graça de Deus. A encarnação do verbo é semelhante a um rio cujas águas transbordaram o seu leito trazendo vida onde imperava a morte, gerando esperança onde imperava a desesperança. A inundação da graça não apenas divide as eras (o antes e o depois de Cristo), mas também a nossa própria existência, porque todo aquele que recebe o Senhor Jesus como Salvador pode falar que a sua vida teve dois momentos, antes sem Cristo e agora com Cristo. Natal, a graça veio. A sua vinda inundou o mundo.

Segundo, natal é a matemática da graça no curso da nossa história. Assim diz a Escritura: “[…] mas onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5. 20). A queda arrastou toda a raça humana para o pântano da perdição. Todos os descendentes de Adão e Eva foram chafurdados no pecado. E, para desespero do homem, a lei tem o papel de tornar a situação mais palpável, para que o homem perceba a sua culpabilidade. A lei deixa nossa consciência mais esclarecida sobre nosso estado ou nossa condição. Ela não aumenta o volume do nosso pecado, mas o torna mais evidente. A lei ilumina a escuridão da nossa alma, para enxergarmos a sujidade do nosso coração.

Portanto, a função da lei não é resolver o problema do devedor, mas revelar a sua culpa ou a sua dívida. A lei mostra que a situação do homem é insolúvel, sua dívida é impagável. A lei diz que: “[…] todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3. 23). Já que é assim, a lei emenda dizendo que: “[…] o salário do pecado é a morte [...]” (Rm 6. 23). Todavia, para que nossa condição fosse alterada foi necessário que Jesus viesse ao mundo. Ele tinha que nascer, viver como aqueles que haveria de representar, teria que sofrer, ser crucificado e morrer em nosso lugar, pois assim pagaria a nossa dívida de uma vez por todas. E foi o que Ele fez. Ele fez a maior transação para que a nossa dívida fosse para sempre quitada. Ele creditou a sua justiça em nossa conta. 

A lei mostra o tamanho da nossa dívida. A graça tem outro papel. Ela mostra o tamanho da nossa salvação. A infração do pecado só pode ser interrompida por causa da matemática da graça. A graça eliminou a conta, ela superabundou. Portanto, a matemática da graça propiciou a quitação definitiva da nossa dívida. A graça superabundou, venceu o pecado. A graça derrotou o pecado pela igreja de uma vez por todas. Aquilo que não podíamos fazer, a graça fez. A matemática da graça é superior à matemática do pecado. Uma contabiliza o saldo devedor, a outra contabiliza a quitação da dívida. 

Natal é a inundação da graça no mundo. Natal é a matemática da graça no curso da história. Aquele que estava com Deus, que é Deus, o qual deu origem a toda criação, se fez homem. Sendo assim, podemos dizer que, porque Jesus nasceu, agora a nossa vida não é mais sem graça. Porque Jesus nasceu, agora não estamos mais debaixo da culpa do pecado. O nascimento de Cristo é o divisor da história humana. Seu nascimento é o divisor de águas da nossa existência porque antes a nossa vida estava sem Cristo, agora temos vida em e com Cristo. Agora, você não precisa mais caminhar sozinho. Natal, a graça veio! Você pode conhecê-la! Você pode experimentá-la!

Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.

Pastor da IPGII – DF.

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