VERDADES QUE COMPROVAM A NOSSA ELEIÇÃO

Gostamos de exibir a nossa intelectualidade doutrinária. Todavia, quase sempre o eco do que falamos fica distante do que fazemos. Penso que temos sido regidos pelo exibicionismo doutrinário. A doutrina da eleição exemplifica o ponto aqui. Muitos utilizam a doutrina da eleição para se gabar da sua superioridade doutrinária, esnobam os outros, fazem chacota e escarnecem de quem ainda não a compreendeu.


Porém, existe uma falta de compasso entre o que é verbalizado com o que é praticado. A doutrina da eleição é bíblica, não resta dúvida. Ela é consoladora e gloriosa. Por isso, ela precisa mesmo ser verbalizada e ensinada, mas também precisa ser comprovada pelos seus frutos. Não devemos apenas propalar um exibicionismo doutrinário intelectual sem embelezar a verdade com a vida. O que comprova nossa eleição?


Primeiro, a eleição é comprovada pela santificação. O Deus Pai, “[…] nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef 1. 4). Noutro lugar, a Escritura afirma que: “Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts 2. 13). Podemos falar sobre a eleição. Todavia, não podemos dissociar a convicção da comprovação, a qual acontece por intermédio da vida santa. A doutrina da eleição é adornada pela doutrina da santificação. O eleito salvo tem a obrigação de buscar a santidade. Com isso, a profissão doutrinária com a prática vence o exibicionismo.


Segundo, a eleição é comprovada pela obediência. Pedro fala que fomos “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência […]” (1Pe 1. 2). A obediência é outra marca da eleição. Aquele que não leva os mandamentos a sério desdenha da doutrina da eleição. Paulo diz que: “[…] o mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, […] se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para obediência por fé, entre todas as nações” (Rm 16. 26). Obedecer não é moralismo, mas uma credencial do cristianismo histórico. Não adianta dizer que é um eleito e viver como se Deus não existisse.


Terceiro, a eleição é comprovada pelas virtudes. “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão e de longanimidade” (Cl 3. 12). O eleito salvo tem o dever de mostrar a sua nova vestimenta. A sua roupa agora tem outra etiqueta. Antes o rótulo era de uma velha vida sem Cristo, agora uma nova vida com Cristo, pautada pela santidade, pelo amor, pela humildade, pela mansidão, pela bondade e pela longanimidade. “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum” (2Pe 1. 10). Portanto, abandonemos o exibicionismo intelectual para comprovar a nossa eleição com as virtudes.


Intelectualismo exibicionista não leva ninguém a lugar algum, pelo contrário, ele tem tantas vezes mostrado o orgulho religioso de algumas pessoas ou de uma instituição. A doutrina da eleição, porém, tem servido ao longo da história da igreja como um instrumento para gerar humildade no coração do cristão. Veja como a doutrina do decreto eterno, a qual contempla a eleição, foi sistematizada:


“A doutrina deste alto mistério de predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, a fim de que os homens, atendendo à vontade de Deus, revelada em sua Palavra, e prestando obediência a ela, possam, pela evidência de sua vocação eficaz, certificar-se de sua eterna eleição. Assim, a todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho, esta doutrina fornece motivo de louvor, reverência e admiração para com Deus, bem como de humildade, diligência e abundante consolação” (CFW, cap.3, par.8).


De sorte que, sendo assim, a doutrina da eleição não deixa espaço para nenhum tipo de exibicionismo religioso nem doutrinário. Equivocam-se aqueles que se portam assim, porque a eleição promove a glória de Deus e gera humildade no coração do pecador salvo. Longe de nós todo ou qualquer exibicionismo doutrinário sem a insígnia da verdade. Que a nossa vida seja adornada pelas verdades que comprovam a nossa eleição.


Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.

Pastor da IPGII – DF.

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