O PAPEL DA PREGAÇÃO
A pregação precisa contemplar dois pólos: a esperança e a realidade. |
Penso que toda
geração sofre algum tipo de influência. E por falar em influência, nem mesmo a
igreja não está inume aos raios da influência de uma determinada época. A sociedade
contemporânea tem sido influenciada pelo pensamento positivista, pela teologia
da prosperidade e outras aberrações. Tais ventos têm chegado até os púlpitos de
muitas igrejas cristãs. Muito do que se ouve hoje não pode ser considerada
pregação bíblica. Vemos muitos discursos triunfalistas fazendo com que os
incautos acreditem que tudo vai acontecer exatamente como esperam.
A “pregação”
não tem cumprido o seu papel, não por causa de sua natureza, mas, porque conceitos
da psicologia e da sociologia têm ocupado o lugar da teologia. Confesso que o
sofrimento fez-me compreender que a pregação precisa contemplar dois pólos: a
esperança e a realidade. A pregação cumpre o seu papel quando o pregador no
exercício de seu ofício anuncia a bendita mensagem do evangelho que traz
esperança para o coração do pecador. Mas, além disso, a pregação também precisa
enfatizar que a realidade do mundo caído existe. Ela não pode ser negada nem
minimizada.
A pregação,
portanto, faz o casamento da esperança que aguarda dias melhores com a
realidade enfrentada da nossa existência presente. De sorte que, se por um
lado, a esperança como resultado do evangelho deve ter lugar na pregação, por
outro lado, a pregação precisa ressaltar que a vida é marcada por muitos dramas
e sofrimentos, frustrações e decepções. É como diz Mark Dever: “Os sermões
cristãos deveriam ser saturados com confiança no triunfo do Cordeiro vencedor,
mas, ao mesmo tempo, deveriam ter em si um ar de verdade e realismo quanto ao
nosso mundo amaldiçoado”.
Analise o tipo
de mensagem que você tem escutado atualmente. Observe o quanto o “pregador” se
esforça para convencê-lo de que tudo vai acabar bem. Qual o resultado desse
tipo de mensagem? Frustração! O púlpito deve proclamar com entusiasmo acerca da
esperança e ao mesmo tempo sobre a realidade vivida. De maneira que a mensagem
bíblica deve deixar claro para o ouvinte que o tabernáculo terrestre está se
desfazendo, sem, contudo, deixar de enfatizar que existe o edifício celestial
nos aguardando, pelo qual ansiamos ardentemente (2Co 5. 1-4).
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