A VISIBILIDADE DO ARREPENDIMENTO

         O teólogo anglicano, J. I. Packer pergunta e responde: “O que é arrependimento? O que significa arrepender-se? O termo é pessoal e relacional. [...] O termo hebraico para arrependimento significa desviar-se, ou retornar. O termo correspondente no grego tem o sentido de mudança de mente de modo a mudar os caminhos também”.

        Packer prossegue, dizendo: “Arrependimento significa mudar hábitos de pensamento, atitudes, ponto de vista, política, direção e comportamento na medida certa para deixar de lado o caminho errado e seguir o caminho certo. Arrependimento é, na verdade, uma revolução espiritual”. Cremos que a definição oferecida por Packer abarca tanto o aspecto interno quanto externo do arrependimento.

      O Senhor Jesus contou uma parábola cujo propósito é ensinar sobre a necessidade de arrependimento, a parábola dos dois filhos (Mt 21. 28-32). O ensino da parábola tinha como finalidade alcançar a elite religiosa do judaísmo, mas sua mensagem é atualíssima (Mt 21. 23; 21.45). Portanto, Jesus prega para um grupo de religiosos que não viam a necessidade de se arrepender.

Aqueles ouvintes eram hipócritas. O hipócrita é um ator no palco da falsidade. O hipócrita, no teatro da vida, encena sobre moralidade, mas tudo em sua vida não passa de cena teatral. Digo assim porque “A hipocrisia é a falsificação da santidade” (Thomas Watson).

A mensagem foi clara para aqueles primeiros ouvintes, porque “[…] ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava” (Mt 21. 45).  Esperamos que a reflexão de hoje também seja clara para os queridos leitores. Da parábola vamos extrair três grandes verdades.

Primeiro, a visibilidade do arrependimento vai além de afirmação rápida. Jesus conta a parábola, dizendo: “Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi”. O filho aqui é uma clara alusão aos líderes cuja aparência não refletia a realidade interna do coração.  

O que vemos aqui é que palavra afirmativa sem fruto é vã. Boa intenção não basta. Palavra bem elaborada não resolve nem comprova a realidade do arrependimento. Chega de discurso sem fruto de arrependimento. Chega de teoria sem prática. Chega de verbalização doutrinária sem mudança de vida. Fale daquilo que faz parte de sua convicção. Porém, vá além da fala, porque a fala faz parte, mas não contempla o todo.

    Segundo, a visibilidade do arrependimento é comprovado pelo fruto. Jesus prossegue: “Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois, arrependido, foi” (Mt 21. 30). Os ouvintes atentos são perguntados: “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo” (Mt 21. 31). No alvo. A resposta estava certa.

    O segundo filho era uma caricatura daqueles que eram considerados a escória da humanidade para os judeus. Aqueles que a princípio disseram não para a mensagem, agora davam visibilidade de arrependimento. Os publicanos e meretrizes, cujo coração era endurecido, agora revelam um coração quebrantando. Agora se rendem a autoridade daquele que tem toda autoridade. Portanto, o fruto do arrependimento é aquela visibilidade concreta de que algo foi alterado no coração.

    Terceiro, a visibilidade do arrependimento encontrada na vida do improvável. O que Jesus afirmou foi simplesmente chocante. Ele disse: “Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus” (Mt 21. 31). São os improváveis desfrutando do abrigo do reino porque haviam se arrependido.

    Daí Jesus prossegue apresentando um lastro histórico da pregação feita pelo profeta João Batista. Ele diz: “Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele”. A pregação foi a mesma para os dois grupos: religiosos e depravados.

    O papel da pregação é informar tanto os religiosos hipócritas quanto os imorais. A mensagem não foi destoada, porque ambos precisavam da mesma transformação, mas apenas os depravados se arrependeram, os religiosos, não. Você que é religioso precisa se arrepender tanto quanto o pervertido da sociedade contemporânea.  Todavia, tantas vezes a visibilidade concreta do arrependimento é vista na vida daqueles que são classificados como os improváveis.

  O que aprendemos aqui? Aprendemos que a mensagem do evangelho não faz distinção entre aqueles que possuem vínculo religioso com aqueles que não têm vínculo religioso. Ambos precisam se arrepender para receber o perdão de Deus.  Sem fé, e sem arrependimento, ninguém entrará no reino de Deus.

    Os fariseus eram semelhantes ao filho que professou obediência sem praticá-la. Talvez você se assemelhe aos fariseus. Já os publicanos e meretrizes são uma caricatura daqueles que a princípio não obedeceram à Palavra de Deus, mas que depois de arrependidos obedecem, os quais são aceitos pelo Senhor.

    Queremos concluir convidando você para refletir conosco. Pense numa floresta em chama. Tudo está prestes a ser destruído, mas você pensa que será capaz de apagar o incêndio no outro dia. Você sabe que se nada for feito toda fauna deixará de existir. Porém, mesmo assim, você resolve adiar para o outro dia.

    Assim também é o arrependimento adiado. O arrependimento adiado é como uma floresta em chama. Deixar para depois é perigoso. Hoje é tempo de mudança! Hoje é o dia da oportunidade! Arrependa-se agora mesmo, antes que seja tarde demais.

Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.

Pastor da IPGII – DF.

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