CRISE MORAL
A crise circunstancial simplesmente aconteceu. Com isso, o casal Abrão e Sarai foi mesmo para o Egito (Gn 12.10, 11). A escolha foi feita. A decisão foi tomada. Agora se encontra numa terra pagã, onde a fé seria testada. Numa terra pagã, a família da aliança deveria ser uma bênção, mas acabou sendo um problema para as pessoas. É triste quando Deus coloca você num determinado lugar para ser um luzeiro em meio às trevas, mas você acaba não cumprindo o propósito para o qual foi designado. É triste quando Deus envia você para ser um canal de bênção, mas você torna-se um estorvo para os outros. É lamentável que muitas famílias cristãs têm destoado do propósito do reino de Deus.
Diferente da crise circunstancial (Gn 12.10), a crise moral foi gerada por causa do que foi decidido (Gn 12.11-15). Ela apareceu como sinal da vacilação da fé. Foi um ato da fé vacilante que fez com que o casal experimentasse a crise que estamos nominando de crise moral. A crise moral não é uma crise isolada. Ela é sempre um sinal da crise espiritual. Quando a coisa degringola, temos uma evidência de que algo não vai bem. O casal titubeou na fé. Ao aproximar-se do Egito, o patriarca tem medo do que possa acontecer com a sua vida. E, com isso, o medo cria situações hipotéticas: se falar a verdade, eu morrerei; mas, se mentir, eu continuarei a viver (Gn 12. 11-13), pensa o marido medroso.
Assim, duas hipóteses são levantadas, com dois possíveis desdobramentos, diz o marido à sua esposa: 1) “Você é linda. Logo se souberem que é minha esposa, então serei morto”; 2) “Você é linda. Logo, se concluírem que você é minha irmã, então serei poupado e serei tratado com consideração”. Uma hipótese foi confirmada com o seu resultado previsto mesmo: Ela foi reconhecida como uma mulher linda mesmo, mas isso era o óbvio. A mentira contada surtiu mesmo o efeito desejado, pois induziu os egípcios, assim como Faraó. Tudo culminou para que Abrão recebesse um trato diferenciado. Ele foi mesmo tratado com consideração singular. Todavia, uma terceira hipótese foi ignorada. Não foi considerada uma terceira possibilidade viável, aquela que envolvia a verdade. Logo, não teremos como saber como seria a terceira, pois nem ao menos foi cogitada. Ela também seria um teste da fé em terra estranha. Sendo assim, o casal falhou vergonhosamente por não ser verdadeiro. Claro que a culpa é acentuada para o marido. Ele foi chamado para ser líder e protetor, mas não o fez. Sua liderança foi desastrosa. Não honrou a sua esposa nem a protegeu. Foi um vexame.
O que acontece aqui é uma sinalização do fraquejar da fé. A falta de fé se manifesta por diversos equívocos. A falta de fé se manifesta pela mentira planejada propositalmente. A mentira destoa do espírito cristão. Alguém disse, que pior do que mentir é continuar mentindo. A mentira sempre exigirá uma rede de mentiras para se sustentar. Uma mentira nunca se sustenta sozinha. Daí surgem os perigos danosos da mentira para a família. Ainda precisamos dizer que a mentira decorre: 1) Decorre do medo. Abrão mente porque tem medo de ser morto. Você e eu mentimos por causa do medo. O medo que algo seja descoberto culmina com a mentira. 2) Decorre da falta de confiança. Deus havia chamado Abrão. Deus o tirou do paganismo. Deus o libertou da escravidão de ídolos. Deus o fez gloriosas promessas. Agora, entretanto, o patriarca teme que possa morrer. Sua decisão é uma clara demonstração de falta de confiança. Sua escolha pela mentira mostra que não considerou o caráter imutável, fiel, eterno e poderoso do Senhor da aliança e da promessa.
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