DISCÍPULOS SECRETOS
Gosto muito da forma como o evangelista João faz a
descrição da fé de algumas pessoas. Ele diz que, dentre um grupo seleto, muitas
pessoas creram. João não deixa margem para dúvida quanto à veracidade da
existência da fé de algumas autoridades da seita mais radical do judaísmo. Fico
estupefato com a menção da fé existente nessas pessoas, ao mesmo tempo em que
fico intrigado com a escolha que fizeram: elas decidiram ficar no anonimato.
Elas escolheram ficar em oculto, pois temeram a perda de privilégios
religiosos. Amaram mais o perecível do que o eterno, não quiseram se
identificar como discípulos do Senhor Jesus. Observe no texto bíblico: “[…]
muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus,
não o confessaram, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a
glória dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12. 42, 43).
Penso que Nicodemos
pode ser incluído nesse grupo de autoridade. Veja como faz sentido: “Havia,
entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre
vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
Deus não estiver com ele” (Jo 3. 1, 2). Ler essas passagens, por um lado, gera
maravilhamento em meu coração, mas, por outro lado, também acende um alerta em
minha alma, pois é possível que um indivíduo creia, e, mesmo assim, fique como
um discípulo secreto, como alguém que não deseja se identificar com o Salvador
por diversas razões.
Temo que haja muitos discípulos secretos na
atualidade. Pessoas que intelectualmente creem que Jesus é o Senhor e o
Salvador enviado da parte de Deus Pai, mas que ainda permanecem na obscuridade
da sombra do anonimato. Gente que prefere fazer como Nicodemos, pois não querem
perder a sua suposta reputação social, que não toleram a possibilidade de
desfazer amizades, nem serem censurados pelos críticos, que não suportam a
iminência de serem diminuídos por conexões virtuais, tão em voga em nossos
dias.
A bem da verdade
é que o discípulo secreto não quer assumir compromisso público. Não quer ser
perseguido. Não almeja ser identificado com o Filho de Deus, porque o preço é
muito alto. Verdadeiramente, o discípulo secreto tem medo de perder sua
reputação. Para ele o que mais importa é o status que tem diante de homens. Não
dá valor nem atenta para o ensino da Escritura sobre o ser discípulo de Cristo.
Não percebe que uma profissão secreta é desprovida de valor para o reino de
Deus, pois o reino invisível ganha caráter concreto por intermédio de gente que
ousa se identificar como sendo discípulo de Cristo.
Como identificar um
autêntico discípulo de Cristo? Deixemos o Senhor Jesus falar: “Se alguém vem a
mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e
ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar
a cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. […] Assim, pois, todo aquele
que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc
14.26, 27, 33). Aqui o Senhor Jesus oferece a credencial de alguém que é seu
discípulo: ser discípulo tem implicação com o amar a Cristo, sofrer por Cristo
e renunciar por Cristo. Portanto, o discípulo é alguém que assume compromisso público,
ainda que isso tenha um custo alto. É alguém que não consegue mais viver sob as
sombras do anonimato.
Quem sabe até agora
você tenha vivido como alguém que tem medo de se expor. Você conhece e crê no
Senhor Jesus, mas o medo tem feito de você um discípulo secreto. É como afirma
Wayne Cordeiro: “Nicodemos teve a grande honra de conhecer Jesus e acreditar
nele. Mas também deparou com a extrema agonia de lutar para expor sua fé
publicamente”. Por algum tempo o notável fariseu Nicodemos foi covarde. Teve
medo de perder o seu prestígio religioso e social, teve receio de ser expulso e
não mais voltar a frequentar o recinto religioso. Seu amor era devotado às
coisas aqui de baixo.
Porém, após a
crucificação, ele foi outro homem! Ele se expôs à publicidade (Jo 19. 38-39),
porque nunca é tarde demais para assumirmos publicamente que somos discípulos
daquele que morreu e venceu a morte para sempre. Por isso, digo: chega de ficar
escondido. Acabou o tempo de covardia espiritual. A fobia sobre o que os outros
vão dizer não deve mais lhe aprisionar. O momento de assumir a sua identidade
com Cristo é agora. Você não pode mais ficar sob as densas trevas do anonimato.
Chega de ser discípulo secreto, assuma diante de todos que você pertence ao
Senhor Jesus.
Por: Rev Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.
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