A SINGULARIDADE DO CRISTO DA ESCRITURA

A SINGULARIDADE DO CRISTO DA ESCRITURA

Cristo era, é e será sempre uma pessoa singular na história da humanidade. A singularidade de Jesus Cristo é reconhecida por muitos, de vários modos e em muitos aspectos. Contudo, nem sempre tal reconhecimento toca no eixo da sua primazia. É importante salientar que se a hegemonia de Cristo for removida, a Igreja Cristã deixará de existir, pois, ele é a razão, a pedra angular e o fundamento da sua existência e permanência. Na verdade, não existe cristianismo sem a preeminência de Cristo. Sem Cristo, o cristianismo não permaneceria em pé. Jesus Cristo é o fundamento sólido e principal do cristianismo histórico. Por conta disso é importante enfatizar a sua singularidade.

A singularidade Jesus Cristo é percebida na sua autoridade ímpar. Além disso, a autoridade de Cristo encontra o seu alicerce na sua pessoa e obra redentora. De tal forma que esta consideração não está condicionada a evidências externas, mas internas. Quem autentica essa verdade é o próprio Deus e Pai, o qual atestou a singularidade de Jesus Cristo ressuscitando-o dentre os mortos. Sendo assim, a singularidade de Jesus Cristo é supra cultura e contra cultura.

Este ponto é o divisor de águas entre a teologia evangélica e a não evangélica, pois a segunda procura estabelecer a autoridade de Cristo nos fatores externos a Escritura, a primeira não. Ao invés de buscar embasamento na Escritura, a teologia não evangélica lança os seus pressupostos em areia movediça, pois os lança na onicopetência da razão, na aferição da experiência religiosa e sobre os pilares éticos da cultura. Com isso, surge um Cristo não histórico, mas, um Cristo concebido pela imaginação dos homens e condicionado a cultura. A teologia cristã, entretanto, possui as suas colunas fincadas na revelação escrituristica.

Ainda digno de nota são os cinco aspectos elementares na singularidade de Cristo no entendimento do evangelicalismo, os quais são denominados por Alister McGrath de seminais[1]. A importância da pessoa e obra de Jesus Cristo na construção da teologia cristã passa pelos seguintes aspectos: a importância revelacional de Jesus Cristo, soteriológica, mimética, doxológica e querigmática. Cada aspecto da importância singular de Jesus Cristo funciona como degraus ascendentes tanto na produção teológica como na dinâmica da Igreja Evangélica. Isto precisa ser visto de modo pormenorizado a seguir.

1) O aspecto revelacional de Jesus é a personificação e a auto-revelação de Deus. O Cristo histórico é o Cristo que revela o Deus Pai. Ele é a plenitude ou clímax da revelação do Criador. Neste caso, Cristo não é uma revelação vinda de Deus, mas a revelação de Deus. Quem vê o Filho vê o Pai, pois Jesus Cristo é expressão exata do seu ser.

2) O segundo aspecto da importância da singularidade de Cristo é o soteriológico. Sem Cristo não existe possibilidade de salvação. A salvação é uma realidade possível por causa da morte e ressurreição de Jesus.

3) O terceiro aspecto é o mimético. Em Cristo temos o exemplo perfeito de vida e fé. A vida cristã não é pautada no exemplo ético apenas, por outro lado, Cristo é a encarnação de uma vida genuinamente cristã. Na verdade, quando um indivíduo é salvo por Jesus Cristo, imediatamente, ele entra num processo de conformação a Cristo, a partir disso, o crente passa a tê-lo como modelo a ser imitado e seguido.

4) O quarto aspecto é o doxológico. O Cristo que foi morto, mas que ressuscitou é o Cristo exaltado. Aquele que se humilhou para redimir pecadores é o Deus encarnado, o qual deve ser adorado e amado.

5) Por fim, o aspecto querigmático. O Jesus Cristo que é a revelação de Deus, salvador, exemplo de fé a ser imitado, digno de ser adorado, logo, ele é o Cristo a ser proclamado. O evangelho proclamado pela igreja tem como essência a pessoa e obra de Cristo.

Portanto, a singularidade de Cristo no evangelicalismo enfatiza que tudo precisa girar e ser baseado em Cristo. Uma coisa é certa, se você quer conhecer a singularidade de Jesus Cristo, então você precisa ler a Escritura. O Cristo da Escritura nos encoraja com as seguintes palavras: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5. 39). Noutro lugar ele diz: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” (Lc 24. 25, 26). O texto afirma que logo em seguida, Jesus “[...] começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24. 27). Quer conhecer o Cristo da Escritura? Se sua resposta for sim, então leia a Bíblia! Não deixe para depois comece agora mesmo! Deus te abençoe!


[1] Essa expressão é usada pelo autor em sua obra: Paixão pela verdade: a coerência intelectual do evangelicalismo. p. 32.

2 comentários:

Valério Nascimento disse...

Rev.Fábio seu texto e sua preocupação com a primazia de Cristo têm uma importante valia, pois nesta época se fala muito em Jesus, mas pouco se conhece sobre Jesus.
Este fenômeno quase inexplicável tem seu fundamento em dois fatores: o primeiro é epistemológico, pois conhecer a Cristo não é algo,laboratorial, mas revelacional; o segundo está relacionado a prédica que na maioria das vezes (infelizmente)não está baseada no Cristo da Escritura.
Volto a afirmar que seu texto é importante, e não somente ele, mas também sua exposição bíblica que respeita esta primazia de Cristo em suas exposições da Palavra.
Que Deus continue te abençoando e te sustentando.

Anônimo disse...

Fala teólogo. Rapaz, vc tem razão, esses dois fatores são desconsiderados, mas penso que de modo prático e pastoral, o segundo é totalmente negligenciado. Por isso, não podemos deixar de pregar sobre o Cristo da Escritura. Abs. Em Cristo,

Fábio Henrique

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