O SEMEADOR E O PREGADOR
A parábola contada pelo Senhor Jesus, também conhecida como a parábola do semeador, foi registrada por Mateus (Mt 13. 1-9), Marcos (Mc 4. 1-9) e Lucas (Lc 8. 5-8). Porém, o terceiro evangelista apresenta uma versão abreviada dessa parábola. O seu registro é mais direto. Ele escolheu o recurso da síntese. A parábola foi colocada num contexto de aceitação e rejeição da mensagem do evangelho. Várias pessoas estavam acolhendo a boa nova da salvação. Tais pessoas são denominadas pelo evangelista de publicanos, pecadores e meretrizes. A parábola foi contada para um público numeroso (Lc 8. 4). Diversas pessoas ouviram a mensagem. Uma grande multidão de todas as cidades a ouviu.
A cena é colocada diante daquelas pessoas com propriedade. O impacto seria imediato porque aquilo era conhecido por cada pessoa que compunha a grande multidão. A cena era familiar. Um semeador lançando sementes sobre o solo era conhecido. Alguém lançando grãos de trigo ou cevada sobre o solo que seria arado posteriormente, porque primeiro a semente era lançada, depois a terra era arada. Era assim que acontecia naquela cultura agrícola da época. Todavia, além da riqueza do ensino contido na parábola, a semelhança entre o semeador e o pregador do evangelho é algo marcante. A relação da linguagem com a missão do pregador do evangelho é algo notório. A tarefa do semeador é lançar a semente, assim também é a missão do pregador no que se refere à pregação do evangelho. A pregação se assemelha muito com a semeadura.
A primeira lição que aprendemos aqui é que o semeador não faz acepção de terreno. Nem mesmo conhece a situação efetiva de cada solo. Ele simplesmente semeia. O seu papel era semear em todas as dimensões. Todos os quadrados dos solos receberam a semente. Uma parte caiu à beira do caminho; outra sobre a pedra; outra no meio de espinhos; outra em boa terra. O semeador não sonegou a semente a nem um tipo de solo. Assim também deve proceder o pregador do evangelho, pois o Senhor Jesus foi enfático quando ordenou: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16. 15). Portanto, a missão do pregador é pregar para todos de modo indistinto.
Entretanto, uma segunda lição que depreendemos tem relação com outro aspecto que se assemelha bastante entre o semeador e a missão daquele que anuncia o evangelho: é a esperança. O semeador tem esperança. Aliás, ele semeia porque acredita que a semente é boa. Sabe que não deve manter a sua semente guardada por toda a vida em seu celeiro. Não é sábio assim fazê-lo. A despeito da natureza de cada solo, ele semeia porque acredita que uma colheita farta será realizada. Os seus olhos de esperança estão voltados para o futuro, assim também acontece com a missão do pregador. O pregador prega para todos indistintamente. Prega para todas as faixas etárias, todas as raças e todas as cores. Prega para ricos e pobres, para mulheres e homens, crianças e idosos, letrados e iletrados. Prega porque sabe que o evangelho “[…] é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê […]” (Rm 1. 16). Faz o que faz por obediência, mas também por confiança naquilo que o Senhor disse: “assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (Is 55. 11).
Portanto, a parábola é um encorajamento para todo aquele que semeia a palavra, porque o ponto alto da parábola é a colheita. Uma colheita abundante seria realizada. Uma colheita surpreendente aconteceria. Mesmo diante da situação reversa de alguns tipos de solos, ainda assim, o semeador faria uma colheita estupenda. Algo extraordinário aconteceria no futuro, porque uma parte da semente “[…] caiu em boa terra; cresceu e produziu a cento por um” (Lc 8. 8). Portanto, a semeadura jamais foi um desperdício, pelo contrário, valeu muito a pena semear. Quem prega o evangelho à semelhança do semeador vai se deparar com solos improdutivos. Porém, quando Jesus explica a parábola é dito que: “A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança” (Lc 8. 15). Pregador, diante disso, continue pregando.
Concluo dizendo que o papel da igreja na pregação do evangelho não pode ser postergado nem transferido. A igreja deve semear a todo o tempo, por todos os lugares. Deve semear fartamente. Deve semear com expectativa, pois sabe que a despeito de cada solo, a colheita será abundante, porque a semente é boa. Só há colheita porque existe semeadura. Quando a semeadura é feita, então a colheita acontecerá. Uma igreja que não semeia, consequentemente, não colherá. A obrigação de semear a semente do evangelho é minha, é sua, é nossa. Não temos competência para fazer nascer a semente nem crescer, nem mesmo produzir fruto algum, mas, sim, temos a responsabilidade de semear. Hoje, a nossa conferência missionária termina. Porém, o desafio continua: “Igreja, não haja silêncio em vós!”.
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII - DF.
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