PUREZA DO CORAÇÃO
A pureza precisa acontecer na sede da nossa existência. O nosso
coração necessita urgentemente ser purificado. A pureza do coração
é algo necessário e urgente. Porém, o que significa coração na
Escritura? Por coração, não estamos pensando no órgão bombeador
de sangue. Coração na Escritura é a parte interior do homem. Paul
David Tripp nos ajuda a entender o assunto quando diz que a Bíblia
fala do exterior e do interior do homem. “A pessoa exterior é o
seu físico; a parte interior é o seu espírito” (Ef 3. 16),
afirma Tripp. Logo, o coração é a parte interior. Ele é a “sede”
da existência humana. É por isso que a maldade não é fruto apenas
da impetuosidade humana. A maldade é a manifestação concreta
daquilo que o coração almeja e planeja. De sorte que, se a parte
interior não for transformada, não existe a possibilidade de pureza
do corpo.
Antes de prosseguir, vamos entender o que
aconteceu para que o coração se tornasse o centro de comando da
rebelião ativa. A Palavra de Deus fala que depois que o homem se
desconectou do seu Criador, a sua inclinação natural pende para
toda sorte de males. O mesmo que havia ficado maravilhado com tudo
quanto fizera, pois viu que tudo era muito bom (Gn 1. 31), após a
ruptura, vê algo completamente diferente do quadro original. Assim
que a conexão foi quebrada, a fonte ficou totalmente contaminada. O
dano foi feito. Depois de algum tempo, Deus viu que era continuamente
mal todo desígnio do coração humano (Gn 6. 5). Sendo assim, fica
claro que a dinâmica da maldade é resultado do coração afetado
pela rebelião praticada contra o Criador.
Note,
portanto, que o nosso problema não é de cunho externo, mas interno.
As malignidades que praticamos não são regidas pelo meio no qual
nascemos e vivemos. O meio apenas potencializa o que existe dentro de
cada ser humano, não é o elemento determinante. Foi Aquele que vê
todas as coisas quem disse: “Não tornarei a amaldiçoar a terra
por causa do homem, porque é MAU o desígnio ÍNTIMO do homem desde
a sua mocidade […]” (Gn 8. 21). A pergunta retórica de Jó
corrobora, pois vai na mesma direção. Ele pergunta: “Quem da
imundícia poderá tirar coisa pura?” (Jó 14. 4). A resposta
emerge naturalmente: “Ninguém!” (Jó 14. 4). De sorte que fica
comprovado que a fonte ficou comprometida. Logo, vemos que não se
trata de uma influência externa. Absolutamente não! Portanto, o
problema é o âmago da existência humana, também chamado de
coração.
O coração é uma fonte contaminada. Por
isso, por natureza, ele é uma fonte gestadora de males. Foi o Senhor
Jesus quem afirmou: “Porque de dentro, do coração dos homens, é
que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os
homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a
lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7. 21,
22). Além disso, o coração é um recipiente abrigador de
impurezas. Diante disso, surge a necessidade de pureza do coração.
Mas, para que o coração seja purificado é preciso ser regenerado
pelo Espírito santificador. A pureza do coração tem início quando
somos salvos “[…] mediante o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo” (Tt 3. 5). Assim que a regeneração é realizada,
nosso coração é imediatamente purificado de toda sorte de
impureza. Aqui encontra-se o início de tudo, sem que haja a
participação humana. Observe que, no primeiro momento, não há
nenhuma participação nossa na purificação do coração. Todavia,
para que a pureza seja mantida e conservada é preciso empenho da
responsabilidade humana, com o auxílio maravilhoso do mesmo Espírito
que regenerou, o qual também é o Espírito santificador.
A
pureza do coração começa com o novo nascimento, porém, ela não
para por aí, porque à semelhança de uma cisterna, o coração
ainda continua a produzir lodo e outras impurezas. A nossa
santificação é um processo constante e contínuo. Para prosseguir
com o coração puro é preciso entregá-lo, guardá-lo e gostar do
caminho do Senhor (Pv. 4. 24; 23. 26). Outra medida necessária diz
respeito a nossa relação com a Palavra de Deus. Não há pureza do
coração sem que a Palavra seja lida, acolhida e obedecida. Diz o
salmista: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar
contra ti” (Sl 119. 11). Portanto, pureza do coração tem começo
com o novo nascimento, mas prossegue por meio de disciplina
espiritual: leitura da Escritura, vida de oração, participação do
sacramento da ceia, assim como as firmes resoluções santificadoras
da vida. Já recebemos todas as condições para que o nosso coração
avance em santificação. Para ativar a nossa responsabilidade e
motivar a nossa vontade, nunca nos esqueçamos das palavras do Senhor
Jesus: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a
Deus” (Mt 5. 8). Que o nosso coração seja encontrado limpo, em o
nome do Senhor Jesus!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII – DF.
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