Depois de introduzir o seu evangelho, tendo como prólogo a genealogia (Mt 1. 1-17), o evangelista adiciona um evento extraordinário (Mt 1. 18-25). A conversa do anjo do Senhor com José. O noivo havia tomado uma decisão no coração por saber que sua noiva estava grávida. Por isso, diz a Escritura que José: “[…] resolveu deixá-la secretamente” (Mt 1. 19). Ninguém sabia o que estava sendo planejado no coração daquele homem, exceto um, o próprio Deus que dirige a história, sabia o que estava acontecendo no porão do coração daquele mancebo. Porém, aquele que sabe todas as coisas vai demovê-lo daquela decisão. E é aqui que brota a verdade sublime sobre a salvação para um povo: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1. 21). A José é dito o sexo da criança, seu nome e o motivo de seu nome. Duas verdades aqui são dignas de nota:
Primeira verdade, o que seria feito para salvar o seu povo. O que seria feito para que o povo fosse salvo? O que teve que ser feito? O Filho de Deus teve que vir aqui, teve que adentrar em nossa história, em nosso tempo e em nosso espaço. Ele se fez homem. João, o discípulo amado faz menção do que teve que ser realizado. Ele diz: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós […]” (Jo 1. 14). Logo, tudo começa com a encarnação. Para que o povo de Deus fosse salvo, a encarnação foi o primeiro degrau da humilhação do Filho Santo de Deus, que se sujeitou para efetivar a nossa salvação. A humilhação culmina com a cruz, com a crucificação, com a manifestação da ira de Deus sobre a vida de Jesus, porém, antes disso veio a encarnação.
Jesus foi crucificado, é verdade. Ele teve que ficar suspenso entre a terra e o céu. A sua morte foi o ponto alto da humilhação, mas a humilhação do Verbo Eterno teve início com a encarnação. Ele teve que entrar em nossa história, teve que pisar aqui na terra para sofrer as nossas dores e enfrentar o castigo que nos traz a paz. Antes da cruz teve a encarnação, pois era preciso que se identificasse conosco, daí o porquê o ser gestado no ventre da virgem foi o cumprimento da promessa e da profecia, portanto, foi necessário. Na linguagem paulina, Ele se “[…] esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2. 7).
Segunda verdade, salvar o seu povo tem relação com o quem seria salvo. Traz a ideia de exclusividade. A salvação que seria realizada por Cristo tem destinação exclusiva. Não é uma salvação para toda a humanidade. Não é salvação para todas as pessoas. Não se trata da perniciosa doutrina do universalismo. O que Cristo haveria de fazer tinha destino específico. É o que ensina o anjo do Senhor. É o ensino de toda Escritura. O que Cristo veio fazer, veio fazer para o seu povo escolhido. O povo a ser salvo é aquele povo que foi amado antes da fundação do mundo. Assim diz a Escritura: “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo” (Ef 1. 4). Noutro lugar, diz: “devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” (1Ts 2. 13). Antes que o mundo houvesse Deus amou esse povo.
Não nos esqueçamos jamais. Foi para salvar o povo amado e escolhido que Cristo veio ao mundo. Ele mesmo disse: “[…] o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10. 45). Ainda, por ocasião da ceia, ele disse: “porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26. 28). Repare que não diz todas as pessoas do mundo, mas, muitas pessoas. Cristo veio salvar um povo específico. Ele veio salvar o povo de Deus. Foi pelos eleitos que Cristo morreu. Jesus morreu pelas suas ovelhas: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10. 11). Portanto, trata-se da igreja. Deus tem um povo eleito. Foi a favor dele que Cristo veio para ser imolado como cordeiro mudo.
Que fique claro: Jesus veio para cumprir a promessa feita pelo Pai. Na plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher e sob a lei. No pacto da redenção, firmado entre a Santíssima Trindade, ficou estabelecido que o Filho eterno de Deus viria para salvar o povo eleito. Ele veio para salvar o seu povo dos pecados deles. Sua morte na cruz foi a forma estabelecida para salvar o seu povo da condenação. A regeneração e a pregação do evangelho é o modo como o pecador é salvo do domínio do pecado. A santificação é o processo pelo qual Jesus continua salvando o seu povo da influência do pecado. E, a sua volta será o momento definitivo em que o seu povo será salvo da presença do pecado. Natal é salvação para um povo. Aleluia!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Ceatano.
Pastor da IPGII - DF.
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