Como superar as desavenças

            Pedir perdão não é nada fácil. Perdoar também é difícil. Eu já estive nas duas pontas: já fui o ofensor, também já fui o ofendido. Já fui aquele que abriu a ferida no coração do outro, mas também golpeado por alguém. E você, qual é a sua história? Também já esteve nas duas extremidades? Talvez você precise perdoar alguém hoje. Quem sabe o contrário, precisa pedir perdão para alguém agora. É como disse C. S. Lewis: Falar de perdão é fácil até que você tenha alguém para perdoar. Existem alguns conselhos que, se acolhidos, podem ajudar na restauração de laços relacionais que foram desfeitos. Vamos compartilhar algumas lições práticas sobre como superar as desavenças:

        1) Primeiro, supere a barreira do passado. Franquear o coração para alguém que nos ofendeu não é nada fácil. Aquilo que aconteceu faz com que mantenhamos o ofensor fora de nosso convívio. Todavia, para que os laços quebrados sejam reatados é necessário que o passado de intrigas seja vencido. A ideia é passar uma borracha em todo o episódio. Precisamos apagar aquilo que prejudicou o nosso relacionamento que  agora estará sob uma nova perspectiva, a qual considera que se  recebemos perdão, também podemos perdoar o outro. “Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai-vos” (Cl 3. 13).
        2) Segundo, supere a barreira da distância. A nossa tendência natural é manter distância daquele que nos feriu. Porém, não é assim que superamos as desavenças. A restauração de relacionamento precisava acontecer pelo prisma da proximidade. É necessário proximidade para restaurar o relacionamento quebrado. Para que haja reatamento é preciso que as pessoas se encontrem. Não pode ser algo virtual, sem profundidade e desprovido de raízes. Jacó e Esaú ficaram duas décadas distantes por causa de intrigas. Entretanto, a reconciliação só aconteceu quando se encontraram: “Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou, e choraram” (Gn 33. 4). Foi assim que Jacó reatou o seu relacionamento com Esaú. Tiveram que se encontrar num determinado momento da vida. Você precisa vencer a distância. Algo físico é necessário. Você tem que olhar nos olhos. Precisa do “tete a tete”. Somente assim vencerá a desavença do passado.
        3) Terceiro, supere a barreira da obrigação. O apóstolo poderia ter exigido que Filemom recebesse Onésimo, porém não o fez. Ele disse: “prefiro, todavia, solicitar em nome do amor” (Fm 9). Por isso, agora ele fala de bondade e liberdade (Fm 13, 14). Bondade devia ser concedida aquele que havia causado o dano. Todavia, deveria ser uma bondade demonstrada pela liberdade, sem peso, sem o constrangimento da lei. Bondade manifestada pela liberdade é uma coisa, bondade evidenciada pela obrigação é outra coisa. Diante disso, decida seguir pelo caminho mais nobre do que a obrigação, embora a obrigação também seja legítima, porém menos nobre. O caminho da restauração de coração livre, guiado pelo amor, é melhor do que pela ordem ou força da lei. Portanto, a barreira da obrigação precisa ser superada para que os laços sejam reatados pelo elo do amor. Supere a desavença pela força do amor.
        4) Quarto, supere a barreira da posição. O ideal da relação cristã não prioriza a posição que uma pessoa possui. O ser guiado pelo evangelho coloca o salvo noutro patamar de status, ao mesmo tempo, faz com que todos sejam nivelados numa mesma posição. Todos se encontram assentados na região celestial em Cristo Jesus (Ef 1. 3). Agora, unidos a Cristo, estamos conectados uns aos outros. A união com Cristo pressupõe a união com outras pessoas. O fator determinante não é o que temos, mas o que somos em Cristo. No corpo de Cristo têm pessoas com histórias diferentes, estratos sociais distintos, peles diferentes, estaturas diversas, alguns são magros outros gordinhos. Porém, nada disso tem valor algum no reino de Deus. Sendo assim, para superar as desavenças é necessário descer o degrau da posição.
      Se você teve alguma desavença e deseja superá-la, então você precisa vencer as barreiras supracitadas. Vença o passado, porque ele é capaz de manter você prisioneiro da mágoa, e também tem poder para atrofiar a sua alma. Vença também a distância. Tome a decisão de procurar a pessoa com a qual se desentendeu. Supere também a barreira da obrigação. Dê um passo adiante movido pelo amor com o qual você foi amado, o grande amor de Deus. Por fim, não fique apoiada em sua suposta posição. O seu orgulho é o seu pior inimigo. Seja humilde. Resolva a situação de uma vez por todas.

Por: Rev.  Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da IPGII - DF.  

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