UMA DECISÃO NECESSÁRIA

          Há pessoas que são pródigas quanto a tomada de decisão. Outras, no entanto, são reticentes quanto a mesma matéria. Vão protelando o quanto podem. Claro, não é sábio tomar decisões precipitadamente, até porque “Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado” (Pv 19. 2). Todavia, existe decisão que não pode ser delongada. Fazê-la é altamente imprudente. Tem decisão que é uma questão de vida ou de saúde emocional, que não fazendo
pode culminar em morte ou em adoecimento da alma. Aqui quero apresentar duas características dessa Decisão Necessária:
         Em primeiro lugar, ela é pessoal. O profeta disse: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3. 21). Antes, porém, vamos entender o porquê da decisão do profeta. O profeta Jeremias havia passado por uma experiência devastadora. Observe o registro da Escritura: “Eu sou o homem que viu a aflição pela vara do furor de Deus” (Lm 3. 1). Olhe o seu testemunho: “Afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem” (Lm 3. 17). Mais adiante afirma: “Já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR” (Lm 3.18). A experiência vivida pelo homem de Deus era instrumento de abatimento diário. Ele mesmo diz: “Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim” (Lm 3. 20).
        Diante de tudo que havia enfrentado, a saúde emocional do profeta estava comprometida. Nesse contexto o profeta tinha duas opções: primeiro, aceitar a condição na qual se encontrava; segundo, romper com aquela situação tomando uma decisão. Sabiamente, o profeta optou pela segunda. Ninguém podia tomar aquela decisão pelo profeta. Assim também acontece conosco, embora algumas vezes somos ajudados por pessoas na tomada de decisão, há aquelas que ninguém pode tomá-las por nós. Elas precisam ser tomadas no coração de modo individual. Não é uma decisão familiar, mas pessoal. 
       Em segundo lugar, ela é racional. Mais uma vez ouça a voz do profeta: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3. 21). Se por um lado a decisão é pessoal, também é correto afirmar que ela foi racional. Não foi uma decisão movida pela emoção da circunstância. Foi algo pensado regido pela razão. Ele sabia que se continuasse da forma como estava iria morrer, porque as lembranças daquilo que tinha acontecido havia sufocado a sua esperança. Contudo, para recobrá-la era preciso colocar o intelecto para funcionar corretamente. O profeta sabia que a razão não era inimiga da fé. A fé não neutraliza o exercício necessário do intelecto. À decisão tomada racionalmente por Jeremias também pode ser tomada por nós. Decisão assim pode mudar a rota da vida, pode alterar o curso de nossa história. 
       A decisão é nossa. Podemos continuar com as lembranças carrascas ou  tomarmos a decisão de substituí-las. Podemos continuar com a memória  entulhada de cascalho do passado ou podemos removê-la pela decisão de querer algo transformador e esperançoso. Podemos continuar com as cenas daqueles fatos pesados do ontem ou podemos substituílas pela pessoa e atributos de Deus. Hoje é tempo de decisão. Lembre-se: decisão necessária é uma decisão urgente, pessoal, racional e inteligente. Decida pela decisão.

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