AS FUNÇÕES RECÍPROCAS DE TODOS OS CRENTES
A igreja é uma
comunidade constituída por pessoas de várias faixas etárias, por
diversos níveis intelectuais, por múltiplas nacionalidades e por
classes sociais distintas. O povo de Deus é composto por homens e
mulheres, por crianças e adultos, por ricos e pobres, por iletrados
e cultos. A igreja têm muitos membros, mas um só corpo. Ela é
gerada pela graça mediante a operação do Espírito Santo. Uma das
suas principais dinâmicas é o convívio fraterno. Por isso, na
igreja de Deus, não pode existir espaço para o isolacionismo. A
vida cristã não é uma ilha de segregação racial, social e
intelectual. Nenhum cristão deve viver no gueto do individualismo,
pois somos membros da mesma família, amados com o mesmo amor, com a
mesma medida, alcançados pela mesma graça, conectados num mesmo
corpo, saciados pela mesma fonte espiritual e agraciados pelo perdão
da mesma forma. Logo, somos filhos do mesmo Pai, pertencemos a mesma
família e somos um só povo. Todos os membros do corpo de Cristo
receberam dons espirituais, a fim de promoverem a edificação da
igreja. Todos são chamados para desempenharem uma função
recíproca. O apóstolo Paulo, diz que todo cristão deve ser um
consolador e um edificador:
I) Todo crente
deve exercer a função de consolador. Paulo ordena:
“Consolai-vos, pois, uns aos outros […] reciprocamente, como
também estais fazendo” (1Ts 5. 11). Amados, não somos
como os pagãos que não têm esperança. Todavia, ainda vivemos num
mundo caído, onde impera a injustiça. Pessoas inocentes são
brutalmente assassinadas, violentadas e mutiladas. Os justos são
injustiçados. Os fiéis são visitados e vitimados por enfermidades
terríveis. Aqui, o mal tantas vezes triunfa sobre o bem. Esse mundo
ímpio provoca angústia, gera tristeza e traz lágrimas. Ele rouba
a paz, gesta insegurança na alma e assalta os corações com o medo.
Embora os crentes não sejam do mundo, todavia vivem neste mundo
perverso. Precisamos entender que os servos de Cristo também ficam
aflitos e angustiados, tristes e desesperançados, cansados e
abatidos. Os cristãos são pessoas que necessitam de consolo e de
esperança no meio da tragédia. São indivíduos que esperam
ansiosamente pelo encorajamento. Diante desse quadro, urge a
necessidade diligente de que cada crente seja um consolador.
Veja, portanto, que o
papel de levar o consolo para aqueles que estão aflitos não é uma
exclusividade da liderança. A ordem imperativa de Paulo abarca todos
os crentes. Paulo apenas reforça algo que já estava sendo praticado
pelos cristãos de Tessalônica. Eles exerciam de modo ativo o
consolo simultâneo. De modo que, sonegar o consolo para o que sofre
é uma atitude anticristã. Há quanto tempo você não tem recebido
nenhum consolo? Quando foi a última vez que você consolou alguém?
Muitas vezes somos verdadeiros verdugos na alma do outro. Afligimos o
aflito enquanto deveríamos consolá-lo. Outras vezes somos pródigos
em acusar aqueles que estão precisando de refrigério. Porém, a
função de todos os servos de Cristo é consolar o aflito e
encorajar o desanimado.
II) Todo
crente deve exercer a função de edificador. Paulo ensina:
“[...] edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo”
(1Ts 5. 11). O apóstolo usa uma linguagem metafórica para
destacar que cada servo de Cristo é um edifício. O cristão é a
casa de Deus, o templo do Altíssimo e o santuário do Espírito.
Deus começou a construção e irá concluí-la até o dia de Cristo
(Fl 1. 6). A edificação do povo de Deus é iniciada, assim
como é realizada pelo próprio Deus. Jesus disse: “[...] eu
[...], edificarei a minha igreja [...]” (Mt 16. 18).
Conquanto, a edificação seja feita pelo Senhor, entretanto, por sua
graça concede-nos o privilégio de sermos seus agentes e seus
instrumentos nesse processo. Ele usa-nos como seus cooperadores, para
fazer com que haja crescimento na vida do outro, bem como usa o
outro, para produzir também maturidade em nossa vida. Portanto, todo
crente tem a responsabilidade de efetuar a edificação de seus
irmãos. Quando falamos a verdade de Deus, os outros são edificados,
porém, quando os outros falam somos edificados.
Nosso papel como
edificador é vital para que os membros cresçam igualitariamente. De
sorte que, a imaturidade de muitos crentes nesta pista de mão dupla
é decorrente da falta de engajamento e serviço. Se sou omisso na
edificação o progresso espiritual na vida do outro desacelera. Da
mesma forma, se você for negligente no exercício de edificador, a
minha vida corre o risco de ficar estagnada. Amados, por isso,
precisamos acatar a admoestação apostólica, para o bem da igreja:
“Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras”
(1Ts 4. 18). E mais: “[...] e edificai-vos
reciprocamente, como também estais fazendo” (1Ts 5. 11).
Portanto, consolemos uns aos outros e promovamos a edificação da
igreja. Você que já tem agido dessa maneira, continue exercendo as
funções de consolador e de edificador do povo de Deus. E você, que
até hoje, não tem experimento esse privilégio de ser um
conselheiro, agora, pode começar a exercitá-lo.
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