SOLUS CHRISTUS (SOMENTE CRISTO)
A eclosão da Reforma Protestante revolucionou o mundo ocidental. Toda a sociedade foi impactada. O seu surgimento foi como dinamis (poder) do Espírito Santo. Ela demoliu os equívocos perniciosos da religião dominante do século XVI. Todavia, para que o êxito da Reforma fosse alcançado, os reformadores se pautaram em cinco grandes pilares, dentre os quais se encontra o Solus Christus (somente Cristo). Com isso, a heresia romana, que dizia ser o papa o sumo pontífice, ou seja, o supremo mediador, caiu por terra, porque nada pode resistir ao ensino da Escritura. A eloquência da doutrina bíblica da mediação exclusiva de Cristo quebrou a espinha dorsal do falso ensino da religião romanista.
Os reformadores mostraram que a tradição eclesiástica não tem a mesma autoridade da Escritura. Estava comprovado que a palavra de Deus não deixa brecha para adição de doutrina extra bíblica. Diante disso, a mediação exclusiva de Cristo foi redescoberta para alegria da igreja. A palavra de Deus ecoou: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos” (1Tm 2. 5, 6). Note, portanto, que não há espaço para aquilo que estava sendo ensinado. O cristão não precisa do papa, não precisa de Maria, não precisa dos santos nem tão pouco dos mártires como intercessores medianeiros. Cristo é o único e suficiente mediador entre Deus e os homens.
A igreja, hoje, precisa urgentemente relembrar os grandes pilares da fé cristã. Apagar da memória as verdades que foram a mola propulsora da Reforma é um erro crasso, pois o terreno religioso contemporâneo é fértil para o florescimento dos falsos ensinos combatidos naquela época. Por quê? Porque muitos ainda tentam ocupar o lugar de Cristo. As roupagens são outras, mas a finalidade é a mesma – ofuscar a primazia de Cristo. Veja bem, atualmente os falsos mediadores, sobre o manto da religiosidade mística arvoram para si a prerrogativa de privilégio exclusivo diante de Deus. Pela linguagem e pelo discurso propalado na mídia passam a ideia de possuírem status privilegiados. Criam mecanismos religiosos e continuam oferecendo relíquias aos incautos. Agora, eles se auto intitulam apóstolos e bispos, os novos “queridinhos” de Deus.
Os membros do corpo de Cristo, entretanto, precisam ouvir novamente da Escritura o que o Senhor Jesus afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão for por mim” (Jo 14. 6). A igreja não precisa de outros mediadores, porque ela tem o Mediador – Jesus Cristo. Além do mais, o Cristo que intercedeu no tempo, no espaço e na história pela igreja, agora continua exercendo o seu ministério de intercessão sacerdotal pela igreja na eternidade. Paulo registra de modo fantástico a verdade aqui pontuada. Ele pergunta: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8. 33, 34). E, o escritor da Epístola aos Hebreus arremata dizendo: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7. 25). Sua intercessão é totalmente eficaz e ininterrupta. Aleluia!
Igreja, não aceite mais nenhum aditivo espiritual a fé “[…] que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Não permita que os falsos ensinos contemporâneos obscureçam a exclusividade de Cristo em nossa salvação. Lembre-se que a nossa suficiência em Cristo nos garante perdão completo, salvação completa e vitória completa. Firme-se tão somente naquilo que ensina a Escritura. Alister McGrath nos lembra que: “O Cristianismo é singular entre todas as regiões do mundo. A razão de sua singularidade é a figura histórica que se constitui seu centro – Jesus Cristo”. Ele é o Mediador, o Intercessor, o Salvador e o Senhor. Jesus Cristo é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele é o Filho eterno de Deus. Ele é o Emanuel, Deus conosco. Portanto, somente Cristo, nada aquém nem além de Cristo. Cristo é suficiente. Cristo nos basta!
Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano.
Pastor da Igreja Presbiteriana do Guará II – DF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário