ELEIÇÃO, UMA DOUTRINA BÍBLICA

A obra de Cristo justifica muitos e não todos.

No dia 28/09/2009, por volta das 16h30, passeando pelos canais de televisão, ouvi uma leitura belíssima de uma porção das Escrituras, cujo tema era: “O que a graça de Deus produz”. O texto lido se encontra na Carta de Paulo a Tito. “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2. 11-13). Contudo, ao invés de ouvir a exposição do texto sagrado, ouvi ensinamento de homens. Mais uma vez, as ambiguidades foram despejadas sobre os incautos acerca da doutrina da eleição.
O pregador está semanalmente na mídia. Ele é sem sombra de dúvidas um líder conhecido e apreciado por muitos no território nacional. Ele tem efetuado muitas conquistas no seio das igrejas evangélicas brasileiras. Ele tem feito um trabalho muito bom na esfera da apologética, especialmente no que tange ao aborto, homossexualismo e teoria da evolução. O seu método tem cativado muitas pessoas, pois é um homem dinâmico. Suas técnicas são variadas. Ele mescla em seus discursos textos bíblicos e conceitos da psicologia. Sua preleção se parece com terapias de auto-ajuda. Seu linguajar é profundamente humorístico e moralista. Particularmente, o considero um líder corajoso. Não tenho nada contra a sua pessoa, mas quando o assunto é sotereologia, ou seja, doutrina da salvação, os seus equívocos ficam patentes aos olhos daqueles que sabem discernir a verdade da mentira, e ferem os ouvidos daqueles que já ouviram as doutrinas da maravilhosa graça de Deus.
Dentre os equívocos cometidos pelo pregador da mídia está a doutrina da eleição. Antes de pontuar a insensatez do pregador, gostaria de afirmar que a doutrina da eleição é uma doutrina bíblica. Ela está ancorada no Antigo e Novo Testamento. Muitos cristãos têm sido consolados por meio da exposição da mesma, entretanto, muitos outros têm sido perturbados ao ouvir o seu ensino por intermédio de pregadores cuja teologia é espúria e humanista. Há muitos equívocos acerca da doutrina da eleição, mas quero destacar nesse pequeno texto apenas um, a saber: a falta de compreensão da soberania de Deus. Existem pregadores que estão na mídia que não entendem a doutrina da soberania divina. Mas existe um especial que é a caricatura dos demais. Ele afirmou que "Deus é soberano para escolher indivíduos para função, mas negam que Deus é soberano para eleger indivíduos para salvação”. Tagarela da mídia, Deus não é soberano em apenas uma faceta do seu governo, ele é soberano em sua essência e em todos os aspectos.
A Bíblia afirma que a salvação pertence ao Senhor (Jn 2.9), portanto Ele a dá a quem quer. Deus escolheu, sim, indivíduos para salvação e rejeitou outros. “O SENHOR fez todas as cousas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade” (Pv 16. 4). “Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Rm 9. 21). “Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. Que diremos pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9. 13-16). Deus escolheu sim indivíduos para determinadas funções, mas também escolheu indivíduos para a salvação em Cristo.
A Escritura afirma com veemência e clareza que existem pessoas que não creem porque não fazem parte das ovelhas de Cristo (Jo 10. 25, 26), em contrapartida as que são suas ovelhas ouvem sua voz, Cristo as conhece e elas o seguem (Jo 10. 27) e somente a elas Cristo dá a vida eterna (Jo 10. 28). “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”, disse Jesus (Jo 6. 37). Notem que  “Aquele” e “esse” se referem a indivíduos, mas não a qualquer indivíduo. O indivíduo aqui é aquele que Deus Pai deu a Deus Filho de presente. De tal forma que somente esse virá ao Salvador, pois “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer ...” (Jo 6. 44). Muitos ouvem o evangelho, mas somente creem aqueles que foram destinados para a vida eterna (At 13. 48). Os mensageiros falam para muitos, mas Deus só abre o coração dos eleitos (At 16. 13-14).
O tal pregador disse ainda que: “Os escolhidos estão no plural. O plural indica que a igreja é que foi escolhida. Portanto, Deus não escolheu indivíduos”. Para subsidiar o seu argumento, ele citou o seguinte texto: “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele ...” (Ef 1. 3-5). Como se a igreja não fosse composta de indivíduos. Que tolice! A igreja é formada de indivíduos os quais foram eleitos antes da fundação do mundo e alcançados na história. Para finalizar, gostaria de citar o texto que ele usou para falar que não existe eleição de indivíduo. “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2. 11). Ele utilizou o pronome indefinido plural para negar a eleição soteriológica: “todos”. Com isso, ele não considerou as normas elementares da hermenêutica para interpretar o texto dentro do seu contexto, se é que ele tem conhecimento disso.
Vamos entender a passagem. Paulo havia dado instruções ao jovem pastor Tito acerca do trato com os membros da igreja de Creta. Para cada homem idoso e mulher idosa, moça e rapaz, o pastor e servo, existe uma forma de tratamento (Tt 2. 1-10). Depois de dizer isso, o apóstolo introduz uma conjunção explicativa: “porquanto”. Paulo não está ensinando nenhum tipo de universalismo, mas sobre a manifestação da graça salvadora sobre todas as classes de pessoas. A graça salvadora só se manifesta sobre aqueles a quem Deus escolheu antes da fundação do mundo. Ela só redime aquele por quem Cristo morreu. Cristo não veio ao mundo para morrer por todos, mas pelos eleitos (Mc 10. 45). O sangue de Cristo foi derramado em favor de muitos, e não de todos (Mt 26. 28). A obra de Cristo justifica muitos e não todos (Is 53. 11). Portanto, Deus escolheu, sim, indivíduos para a salvação em Cristo.
Sendo assim, conclamo todo o povo de Deus para que prove os espíritos, porque existem muitos hereges e falsos mestres ensinando doutrinas de homens. Eles têm linguagem cristã, entretanto, substituem a verdade pela mentira. Fique atento! Batalhe pela fé que foi entregue aos santos. Cuidado com aqueles que deturpam as Escrituras. Ouçamos a voz do Espírito Santo: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8. 30). Amém!


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