PERDÃO: O EXERCÍCIO DA MISERICÓRDIA

PERDÃO: O EXERCÍCIO DA MISERICÓRDIA

C. S. Lwis disse que: “É fácil falar de perdão até ter alguém para perdoar”. De fato não é fácil perdoar, mas também não é fácil pedir perdão. Sabe por quê? Porque quem pede ou suplica o perdão ao ofendido tem que se humilhar. Quem pede perdão reconhece que ofendeu e falhou com o outro. Já quem libera o perdão está abrindo mão de exercer a justiça. Quem perdoa concede e exerce a misericórdia. Quem perdoa abre mão de cobrar a dívida. Portanto, o perdão é o exercício da misericórdia ao invés da execução da justiça. O perdão é sem dúvida alguma uma das mais nobres atitudes do ser humano para com o seu próximo. Ele é a encarnação da graça em nós. O perdão é uma evidência de que somos novas criaturas e que habita em nós a divina semente. Por meio do exercício do perdão compreendemos com mais clareza e precisão a nossa relação intrínseca com o Pai celestial. Tendo em vista que Deus o Pai é um ser perdoador, logo também somos encorajados e capacitados por Ele a conceder o perdão (Ef 2. 10).

O perdão é a oportunidade de tratar o outro da forma como fomos tratados por Deus. Deus perdoou toda a nossa dívida. O seu perdão para conosco foi pleno. Se você já recebeu o perdão de Deus, então perdoe também aquele que lhe ofendeu. O perdão nos dá a chance de executar o que recebemos. Quem foi contemplado com misericórdia, também deve concedê-la. O perdão não é uma questão matemática, contabilizando dádivas, mas de conduta e atitude, ou seja, devemos perdoar sempre. Ele é a prática da compaixão e da misericórdia. O perdão é o movimento da graça ilimitada. Todo aquele que compreendeu o perdão de Deus está apto a perdoar. Fritiz Rienecker um exímio comentarista afirma que: “Quem não se torna misericordioso com a misericórdia de Deus e não aprende a perdoar a partir do perdão de Deus, desperdiçou a graça de Deus”. Quem age deste modo está pisoteando a graça de Deus. Quem vive desta forma está negando aquilo que recebeu.

Assim como Deus nos perdoou devemos perdoar também. O perdão de Deus é a causa motivadora para perdoar. Ele nos perdoou de modo pleno, do mesmo modo devemos fazê-lo. Na verdade, o modo de perdoar deve ter sempre como base o perdão de Deus. Paulo diz: “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3. 13). A base pela qual precisamos balizar nossa vida no exercício do perdão é o perdão de Cristo. Portanto, o perdão deve ser de todo o coração, do fundo da alma e das entranhas do ser. O verdadeiro perdão precisa ser liberado do íntimo do ser. Ele não é uma fabricação externa, fruto da engenhosidade humana, mas da graça divina. Ele é a concepção da graça. O perdão do íntimo é um resultado da gestação da misericórdia. Ele é fruto da dinâmica da graça de Deus em nós.

Na oração do pai nosso somos instruídos a orar: “... perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mt 6. 12). Já nesse caso bem que poderíamos orar da seguinte forma: “Pai, tu perdoastes a minha culpa toda, portanto quero perdoar também aquele que me ofendeu”. O princípio bíblico acentua que aquele que recebeu graça também deve conceder graça. A lei ensina que aquele que foi contemplado com misericórdia também deve exercê-la para com o outro. Portanto, falar de perdão é uma necessidade, mas além de falar dele é preciso praticá-lo. Se a luz da sua consciência acendeu em sua mente adormecida, então vá imediatamente até a pessoa que lhe ofendeu e peça perdão. E você que foi ofendido pratique a misericórdia. Não deixe para depois. Ouça a voz do Espírito Santo de Deus. Obedeça-o! Cumpra o mandamento de Deus. O perdão é uma ordem do Senhor. O perdão é o exercício da misericórdia recebida.

Um comentário:

romerito romero xD disse...

Texto muito bom, gostei muito.

Tecnologia do Blogger.