TRÊS ASPECTOS DO TESTEMUNHO CRISTÃO

A missão do cristão é anunciar ao mundo a gloriosa
notícia celestial do grande amor de Deus demonstrado em Jesus Cristo, o seu Filho unigênito.

O cristão foi desarraigado deste mundo perverso (Gl 1. 4), para ser enviado a um mundo que está gemendo. O cristão foi tirado do mundo para ser enviado de volta ao mundo como portador da boa nova do evangelho. A missão do cristão é anunciar ao mundo a gloriosa notícia celestial do grande amor de Deus demonstrado em Jesus Cristo, o seu Filho unigênito. A missão dada àquele que foi redimido pelo Senhor, envolve o comprometimento com o testemunho cristão. Aqui vamos elencar três aspectos do testemunho cristão que devem estar presentes nas nossas práxis cristãs.

Em primeiro lugar, o testemunho por intermédio da verbalização. A missão que o Senhor Jesus deu a sua igreja envolve a obrigação do testemunho verbal. A igreja foi salva do mundo, após o que foi enviado de volta ao mundo para anunciar o evangelho. Sua tarefa evangelística contempla a proclamação de uma mensagem gloriosa e consoladora. Os quatro evangelhos dão conta desta mesma verdade. Todos falam que a igreja recebeu uma missão que ressalta a necessidade de realizar uma tarefa.
O evangelista Mateus registra o que aqui asseveremos da seguinte forma: “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt 28. 18-20).  Já o evangelista Marcos faz uma síntese acerca da missão. Ele registra da seguinte forma as palavras do Senhor: “E disse-lhes: ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16. 15). Lucas, o médico e historiador, escreve os ensinos do Senhor Jesus com as seguintes palavras: “e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. O evangelista João fala da missão dada à igreja tendo como base a missão dada ao Filho pelo Pai: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20. 21).
Note, portanto, que conquanto seja correto afirmar, que nem todos os evangelistas falem do mesmo método a ser utilizado, entretanto, são unânimes em destacar que existe uma missão a ser executada. Mateus diz que é necessário fazer discípulos de todas as nações; Lucas fala que é necessário que a mensagem contemple a exigência do arrependimento; João apenas destaca que a base da missão é aquela que foi dada ao Filho, mas é Marcos quem de modo mais direto diz que é preciso testemunhar de modo verbal a todo o mundo, a toda a criatura e o evangelho.
Mas, o que é o evangelho que o cristão precisa aprender a verbalizar enquanto testemunho cristão a ser dado? O apóstolo Paulo faz uma síntese do evangelho que nos ajuda a compreender a verbalizar a mensagem: “Antes de tudo, vos entreguei o também recebi: que Cristo morreu pelos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15. 3, 4). Aqui temos o evangelho puro e simples, mas, ao mesmo tempo poderoso e eficaz. Além de conhecer o evangelho é importante que o cristão entenda também a situação do homem no que tange a sua relação com o Senhor. O homem é pecador, Deus é o justo juiz. Logo, o cristão precisa fazer a conexão daquilo que o homem é com aquilo que o homem precisa para ser perdoado, reconciliado e salvo da perdição eterna.

Em segundo lugar, o testemunho por intermédio da ética. A Escritura por diversas vezes faz alusão do modo como vivíamos antes de sermos alcançados pelo Senhor Jesus. O nosso deleite não era com a luz, mas sim, com as trevas. Tínhamos apego às obras das trevas (Jo 3. 19) . Nossa condição espiritual era de morte. Não amávamos a lei de Deus, não temíamos o seu santo nome, éramos indiferentes e não tínhamos nenhuma inclinação para com a sua palavra. Éramos escravizados pelo mundo, pela carne e pelo diabo. O nosso coração era maligno, éramos por natureza filhos da ira (Ef 2. 1-3). Diante disso, não podíamos salvar a nós mesmos nem merecíamos o perdão gracioso do Senhor. Todavia, o Senhor mudou a nossa história quando resolveu nos conceder vida em seu Filho bendito. Diz a Escritura: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos me nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sois salvos” (Ef 2. 5, 6).
            Bem, agora que fomos salvos, a nossa vida recebe novos valores éticos e morais. Antes vivíamos como se Deus não existisse, agora somos colocados no mundo para que o reino invisível ganhe visibilidade por intermédio daquilo que fazemos e por meio do estilo de vida que vivemos. Antes vivíamos de uma forma, agora somos enviados ao mundo com os valores do reino do céu. O antes e o agora podem ser constatados pelo ensino da Escritura: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos (Cl 3. 5-11). O passado pecaminoso e o presente cuja insígnia é a santidade é claramente percebido nessa passagem.
Mais adiante, noutra passagem temos a imperativa instrução dada pelo apóstolo Pedro: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1Pe 2. 11, 12). No passado imperava o modo de vida pecaminoso, todavia, no presente deve prevalecer uma vida santa, compatível com a natureza do reino de Deus.  Por isso mesmo, aquele que mentia não deve mentir mais, antes deve falar a verdade, aquele que roubava não deve roubar mais, antes deve trabalhar, aquele que era infiel, agora deve ser fiel ao seu cônjuge, o filho que era desobediente, agora deve honrar os seus pais. De sorte que cabe ao cristão testemunhar também com a ética a sua nova maneira de viver.
Em terceiro lugar, o testemunho por intermédio das boas obras. O ponto aqui pode suscitar ou pode ser passível de crítica e objeção por parte de alguns cristãos por associar a prática de boas obras com aquilo que ficou conhecido como missão integral. Logo de nós endossarmos os equívocos daqueles que usam a Escritura para subsidiar princípios que não têm o amparo da Palavra de Deus. Todavia, não podemos nos eximir da verdade bíblica por causa de erros e equívocos de alguns. Por isso, entendemos que cabe ao cristão, conforme as suas posses assistir aqueles que têm reais necessidades. Entendemos que o fundamento para o exercício da misericórdia é a antropologia bíblica. O ensino que ressalta que o homem foi criado a imagem e semelhança de seu Criador. Saber quem é o homem pode mudar o tratamento que damos uns aos outros durante a nossa caminhada cristã.
            O ensino bíblico é claro quanto à assistência a qual deve ser dada aos nossos semelhantes. Claro, que a nosso ver a Escritura elenca o princípio de prioridade no exercício da prática do auxílio ao necessitado. Quanto à matéria diz a Escritura que: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6. 9, 10). Temos o dever de acudir primeiro os nossos, mas, não significa que não devemos também exercitar a compaixão para com outros que estejam fora do convívio comunitário ou eclesiástico. Absolutamente, não. Entendemos que indiferente do credo religioso, da cor da pele, da origem racial ou coisa semelhante, o cristão tem o dever e o privilégio de ajudar o necessitado. A Escritura é clara ao afirmar que devemos fazer o bem a todos. Noutro lugar, Paulo ensina que: “Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens” (Tt 3. 8). E mais, “Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos” (Tt. 3.14). Logo, uma compreensão bíblica do lugar do homem na criação fornecerá ao cristão equilíbrio e motivação correta para exercitar a prática de boas obras.          
            Portanto, o cristão deve empenhar-se para testemunhar de modo verbal. Ele deve anunciar a mensagem do evangelho com entusiasmo e fervor, “quer seja oportuno, quer não” (2Tm 4. 2). Deve fazê-lo com plena consciência de sua missão. Deve obedecer a Deus, pois o Senhor quer que todos “cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2. 4). Além disso, o cristão deve comprovar o que verbaliza por meio daquilo que faz. O testemunho verbal deve ser autenticado por meio daquilo que o cristão realiza. Sua conduta deve autenticar a proclamação do evangelho. Por fim, o cristão precisa ser uma pessoa que evidencia a generosidade por meio da prática de boas obras. O cristão precisa olhar para o ser humano, à margem da sociedade, a partir de uma cosmovisão escriturística, pois, só assim terá uma compreensão do verdadeiro valor do ser humano. O homem precisa ser percebido como uma criatura criada à imagem de Deus. Se o cristão testemunhar pregando, vivendo santamente e praticando as boas obras, então os homens serão levados a glorificarem ao nosso Pai celestial que habita os céus (Mt 5. 16). Você que é crente em Jesus Cristo tem o dever de testemunhar por intermédio da verbalização da boa nova, da ética cristã e da prática das boas obras. Que o Senhor nos ajude a sermos verdadeiras testemunhas nesse mundo caído e necessidade da boa notícia do céu.    

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