RELEMBRANDO A REFORMA PROTESTANTE

Dizem que recordar é viver. Neste ano de 2017, a Reforma Protestante fará 500 anos. Iniciada em 1517 pelo monge alemão Martinho Lutero, que afixou, na porta da igreja do Castelo de Wittemberg na Alemanha, as 95 teses que confrontavam os ensinos da Igreja Católica Romana a respeito de várias questões teológicas vigentes. Com isso, o pontapé inicial para que a Reforma Protestante acontecesse foi dado.
A pergunta que não quer calar: por que relembrar algo que aconteceu há 500 anos? Algumas objeções podem surgir a respeito disso. Muitos poderão dizer que o passado deve ficar no passado, pois ele não tem nada a nos ensinar, afinal, estamos em pleno século XXI e, portanto, o presente é sempre melhor. Esse tipo de abordagem não edifica nem tem relevância para a nossa geração. Ainda sobre relembrar, alguns terão uma abordagem diferente. Há pessoas que só valorizam o passado. Vivem presas a ele, e não dão valor ao presente. “Tempo bom era antigamente!” - exclamam muitos. Porém, essa também não é um entendimento sadio.
Qual deve ser, então, a análise mais indicada em relação ao tema? A Bíblia ensina que o passado tem muito a nos ensinar. Existe um relato bíblico no qual a crise do momento é sanada com aquilo que foi falado e realizado na história. Ele mostra que dois discípulos a caminho para Emaús, após a ressurreição, estão decepcionados, pois não conseguem compreender a importância da morte de Jesus, que se aproxima deles (Lc 24.13-35). Após ouvi-los, Jesus os confronta e explica-lhes tudo que aconteceu a partir do Antigo Testamento. Ele olha para o passado, traz os ensinamentos para o presente e os aplica para aquela ocasião. Jesus os faz compreender o presente e transforma tanto o presente como o futuro deles. Essa é a abordagem sadia que devemos tomar. Mostrar a conexão do passado com o presente, para que o nosso futuro seja aguardado com viva expectativa.
A Reforma tem muito a nos dizer hoje. Aliás, ela foi uma forma boa de olhar o passado. “Reformar” significa trazer de volta a forma perdida. Quando falamos de Reforma Protestante retornamos às origens do cristianismo, que havia se perdido há muito tempo pela igreja dominante da época – a Católica Romana. O que existia era um falso cristianismo, distorcido.
De sorte que Lutero e Calvino, durante a Reforma, nada mais fizeram do que resgatar das Escrituras aquilo que já havia sido ensinado por Agostinho de Hipona (354 a 440 d. C), que, por sua vez, ensinou aquilo que fora dito pelos profetas e apóstolos, ou seja, o que a Escritura ensina.
A Reforma, portanto, foi um retorno à autoridade da Escritura (Sola Scriptura) e não às bulas papais ou ao ensino de homens; um retorno à salvação pela fé (Sola Fide) e não por sacrifícios ou indulgências; um retorno à salvação pela graça (Sola Gratia) de Deus e não por obras; um retorno a Cristo como único salvador (Solus Cristus) e não à igreja ou a seus representantes; e principalmente, um retorno à Glória de Deus (Soli Deo Glória) e não a de Papas, santos ou da igreja.
Ao relembramos a Reforma devemos entender que ela foi um dos mais importantes acontecimentos da história da igreja, assim como um dos maiores eventos da história ocidental. Ela não só alterou o curso da igreja, mas o do universo. O mundo de hoje, com todos avanços científicos, democracias, artes (em todos os aspectos), direitos civis, serviços públicos e muito mais, deve e muito àquilo que a Reforma Protestante conquistou.
Acima de tudo, devemos olhar para o passado e aprendermos principalmente que o Deus de Lutero é o mesmo Deus da Bíblia. Não podemos esquecer que: “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13.8). Se Deus fez uma grande Reforma no passado, não poderia fazer isso novamente hoje? Olhe para a igreja contemporânea. Será que ela também não está precisando passar por uma nova Reforma? Que Deus esteja sempre levantando homens fiéis para levar o seu povo de volta para Ele. Que Deus esteja sempre reformando a sua igreja para a sua própria glória. Amém!

Presb Luciano Sathler Faria exerce o seu presbiterato na IP Glória, Vila Velha 

2 comentários:

Luciano Sathler disse...

Caro pastor Fábio. Que honra o amigo me concedeu. Espero que possa abençoar muitas vidas. Um grande abraço.

Fábio Henrique disse...

Prezado amigo e irmão, graça e paz sejam sobre sua preciosa vida. A honra foi minha. Obrigado por autorizar a publicação do texto, certamente pessoas serão edificadas.

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