EU, UM SER IMAGINÁRIO

EU, UM SER IMAGINÁRIO

A máxima do filósofo Rene Descartes “penso, logo existo” , leva-me a seguinte conclusão: Sei que existo para mim mesmo. Com isso sou colocado numa relação de ser comigo mesmo e com tu. Isso porque o pensar vai além de uma reflexão interna, ele pode ganhar uma dimensão materializada. O outro sabe que existo por meio de alguns sentidos. Existo para eu quando me toca, quando me ouve e quando me percebe, logo, permaneço e passo a existir para você. Esse existir é concreto. Aliás, essa é uma maneira pela qual descubro por meio da concretude do meu ser que existo, assim, existo para Eu e para o tu. Assim sendo, sei onde estou e o outro sabe onde estou: aqui, ali e acolá.

Porém, mesmo sabedor acerca de meu existir enquanto pessoa, algumas vezes não existo para o outro; não que o outro não saiba nem me perceba, mas porque nem sempre sou aquilo que a imagem transmite sobre meu real existir. Embora exista para você de modo tangível, audível e ocular, não existo para ti quando me interpreta. A exegese que fazes de mim não é fiel. Na verdade, você sabe que essa não é uma experiência isolada, ou seja, só minha, porém ela também é sua. Você também é assim, incompreensível, difícil de ser entendido e interpretado.

Você já contou nos dedos da mão quantas vezes você foi você mesmo? Nem sempre nós somos nós mesmos, mas somos o que a outra pensa que somos. Às vezes não somos o que somos, mas o que projetamos ilusoriamente, o que os outros pensam que somos. Sabe por quê? Porque existe dentro de nós um ser que almeja ser o que o outro pensa que somos. Existe dentro de cada um de nós alguém que deseja muito atender o padrão erigido pelo outro. Por isso é mais fácil transparecer o estereótipo maquiado do que aquilo que realmente somos. Você não demonstra o que é, mas o que os outros querem que seja. A tentativa de demonstrar aquilo que não somos é uma insígnia dos hipócritas e fariseus. Você há de convir que dentro de cada um de nós existe um fariseu enrustido ou afoito para ser reconhecido e aplaudido.

Por essas e outras razões fica difícil decifrar o que é real daquilo que é ilusório. As pessoas imaginam que somos aquilo se apresenta, podendo ser algo falsificado ou verdadeiro. Essa apresentação pode ser falsificada ou verdadeira. Contudo, o certo é que algumas vezes somos seres imaginários para os outros. Outras vezes somos seres fantasiosos para nós mesmos. Entretanto, o mundo fictício não pode durar toda vida. O homem ilusório precisa dar lugar ao ser real ou verdadeiro. Isso é feito quando ouvimos o chamado procurador do SENHOR Deus: “Onde estás?” (Gn 3. 9). A pergunta vai além da descoberta de onde estamos. Ela quer nos tirar do esconderijo existencial. Sua função pedagógica é nos colocar diante daquele que traz sentença, mas também restauração, perdão e vestes para cobrir a nossa nudez (Gn 3. 21).

Noutra ocasião, a pergunta é feita de outro modo: “Resta ainda, porventura, alguém da casa de Saul, para que use eu de bondade para com ele, ...?” (2Sm 9. 1). Alguém diz: “Ainda há um [...], aleijado de ambos os pés” (2Sm 9. 3). Nem aquele que é procurado para receber bondade se reconhece como ser, mas vê a si mesmo como um cão, e então pergunta: “Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?” (2Sm 9. 8). Porém, aquele que conhece além da moldura externa, pois olha para a essência do existir do ser, diz: “comerá pão sempre à minha mesa” (2Sm 9. 10).

Por isso, existe o OUTRO para quem sou realmente, sem farsa e sem máscaras. Para Ele o meu ser está totalmente despido. Sou visto como exatamente sou. Por Ele sou aceito como sou. Sou amado como sou. Para o OUTRO de quem sou conhecido e para quem sou conhecido, não tem receio de fazer a oração da sondagem: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139. 23, 24).

Sei existo para os outros e para mim. Mas, nem sempre existo como realmente sou. Contudo, mesmo quando isso acontece, sei que existo para o para o totalmente OUTRO. Ele fez-me entender o real sentido de meu existir. Agora, sei que existo no seu Filho Jesus Cristo. Em alguns momentos continuo sendo um ser imaginário para mim e para ti, mas não para Ele. Compreendi que existo quando O ouvi dizer: “filho, os teus pecados estão perdoados”. Fui liberto do espírito de escravidão. Não vivo mais atemorizado. Agora tenho o espírito de adoção por meio do qual existo. O espírito de adoção habilitou-me a clamar: Aba, Pai (Rm 8. 15). O Espírito falou para meu espírito que sou filho de Deus (Rm 8. 16).. Para Ele, eu não sou um ser imaginário. Nele existo antes dos cosmos serem criados! Nele existo agora na história que está sendo construída! Nele existo depois da consumação de todas as coisas, quando então, habitarei nos novos céus e nova terra! Amém. Você já existe Nele?

3 comentários:

Pr. Alexandre Alencar disse...

Amado irmão,
Fico feliz com o alcance da Palavra de Deus. Louvado seja o Senhor! Rogo ao Senhor que continue abençoando o seu ministério. Deus nos chamou para sermos modelo para Seu rebanho, portanto, clamamos para que Ele nos abençoe com Sua Palavra e Espírito. Somente em Cristo somos quem realmente fomos feitos para ser.
Um grande abraços,
Pr. Alexandre Alencar

Anônimo disse...

Que bom que ELE nos ama como somos e vai nos aperfeiçoando a cada dia até chegar AQUELE DIA.

Deus te abençoe amado amigo e agradeço muito ao Senhor pela benção de tê-lo conhecido.

Forte abraço e espero tão logo podermos bater aquele papo de sempre.

QUE A GRAÇA CONTINUE NOS GUIANDO E NOS SUSTENTANDO.

seu amigo,
jorge

Anônimo disse...

Coisa boaaaaaaaaa amado irmão, Deus o abençoe tremendamente. Um grande abraço.
Rev. Leonardo Costa Marques

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